terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Monstro

Hoje eu queria viver
Tentar parecer algo vivo
Olho-me no espelho
Vejo um monstro
Se alimenta da felicidade
Da sobriedade
E da saudade
Não se satisfaz
Grito dentro dessa
Existência escura e
Ininteligível
Clamo por socorro
Meu coração sairá
Meu peito explodirá
O veneno não cessa
Socorro?
Sangue negro
Fere meus amigos
Irrita meus amores
Toma o lugar do vermelho
Consome minha essência
Ou seria ele
Minha essência?
Vinga solidão
Destroi tudo que cultivei
Nutra-se do meu futuro
Pois ao tempo
E em tempo
Eu só queria viver

Ensaio de obsessão

Vem cá
Me abraça
Seja eu
Numa fusão
Única e cósmica
Acabe comigo
Eu me destruo
E me reconstruo
Com você
Por você

domingo, 16 de dezembro de 2012

Não meça meu amor por causa deste episódio

Então qual episódio devo escolher? São muitos. Aliás, muitíssimos. A qual eu devo me apegar e colocar toda a culpa? Devo escolher o episódio de ontem? O de semana passada? O do relacionamento passado? Ou o que tenho certeza que acontecerá amanhã? Estou em dúvida.

Alguém me ajude. Estou vomitando veneno e isso é muito perigoso. Estou verde. Fedendo. Sinto que se encostar ou ficar no mesmo ambiente que alguém posso matar usando apenas essa aura de rancor.

E o autocontrole fica difícil, mas faz parte da reforma.

Surgir
Vivir
Souffrir
e se fuder.

Acho que vou escolher o episódio em que eu sou o culpado: todos.

sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Das rotinas

O barulho do metrô me lembra o quanto a rotina me torna alguém insignificante. Eu não quero ser insignificante. Eu não quero sentar e ler algum livro pra mostrar que estou lendo. Eu não quero trabalhar e ganhar dinheiro pra gastar com gastos rotineiros. Eu quero viver. Eu quero trabalhar com o que eu gosto. Eu quero inovar em pequenas ações como ao fazer minha lista de compras. Eu quero deixar de fazer xixi pela manhã e fazer só a tarde em protesto ao fato de meu corpo estar se acostumando a rotinas sem objetivo.

Eu só quero viver.

Do lado apático

Qual a graça em se viver em um mundo otimista? Otimismo e pessimismo possuem o mesmo módulo. A vida é como uma senoide oscilando entre probabilidades de acontecimentos ruins e acontecimentos bons. Se você não tem expectativas, poderá se surpreender tanto com os acontecimentos ruins quanto com os bons. Se você tem muitas expectativas, você também se surpreenderá, pois nada se encaixará no que espera. Então, refazendo a pergunta, qual o propósito de tentar entender os acontecimentos desse mar de aleatoriedades imprevisíveis? Se é pra se impressionar com o que acontece, que seja da melhor maneira possível: não esperando nada.

A garantia de sobrevivência não existe. Viver é uma coisa banal. Milhões nascem, milhões morrem. Então, por que se colocar em um pedestal, "amando-se em primeiro lugar", se quem mais te ama morrerá? Para que viver nessa hipocrisia, importando-se com amores, doenças, estudos, alimentação, se tudo se convergirá para o fim e o esquecimento? Que ridículas essas guerras e lutas sociais. Tão ridículas quanto campanhas solidárias de ONGs. Ajudar ou não ajudar, nada fará diferença no universo, fará? A história se perde. Você só será mais um idiota lutando por coisas idiotas que morreu de uma maneira idiota e, claro, ninguém saberá seu nome.

No fim de tudo, o que importa é fazer o que "precisa" ser feito, mesmo que pareça uma prática apática, aproveitando os efeitos sensoriais de seu corpo, as emoções, enfim. Correr atrás dos sonhos, por mais insignificantes que pareçam.

Dos posers

Eu não entendo esse pessoal que reclama e reclama de relacionamentos, que ninguém valoriza o amor, não valoriza sentimentos, mas vive dando ibope pras gostosas e pros musculosos de plantão. A culpa não é deles, é de quem dá ibope. Se você pensa que curtir esse tipo de coisa vai trazer a pessoa amada, engano seu. No máximo trará a pessoa sarada e só por uma transa. E você vai ficar aí, sozinho, chupando dedo. Assume um lado e permaneça: ou você é oldschool, ou você não pode reclamar da falta de amor.

Das pequenas carências

É um tipo de carência que não entendo se eu deveria sentir... Aquela coisa de que "Ele deveria ter me dado mais atenção!", mas que nunca vai pra frente. É melhor deixar pra lá. Se for pra frente, corro o risco de perder. Amo demais pra isso. Prefiro não ter atenção e continuar namorando do que correr o risco com reclamações "fúteis". Se é pra viver assim, eu preciso me acostumar. E rápido. Se ele soubesse o quanto eu o amo, acho que se preocuparia mais com nosso relacionamento.

O porto seguro não existe.

Eu tenho uma irritação contínua quando se trata de promessas não cumpridas. Acho que não vou conseguir seguir a teoria de sempre doar sem esperar algo de volta, é "meio impossível", por assim dizer. Tentar se humilhar a esse ponto é quase um desamor. Ou não. Não sei. Falo, mas logo mudo de opinião. Será que eu realmente deveria me abster dos ódios e reivindicações e tentar viver um amor verdadeiro, fazendo vista grossa para o que quer que aconteça? Será que, fazendo assim, um dia eu despertarei o bom senso e meu companheiro não mais se comportará da maneira que tanto repugno? Será que estou repugnando o que não precisa ser repugnado? Será que minhas influências familiares de amor e relacionamento estão tão distorcidas ao ponto de eu ser considerado um louco, sociopata, ciumento e carente? Até onde eu posso... não, até onde eu devo ir?

Eu disse que jamais desistiria e assim o farei. Entretanto, não sei se conseguirei seguir sem desistir de mim mesmo. As definições de certo e errado, especialmente para mim, deixaram de ser influenciadas pela sociedade há muito, mas não consigo abandonar algumas concepções. A possessão. Eu possuo, realmente? E se não possuo, estaria eu, sofrendo por antecipação como sempre faço, enganando a mim mesmo? Por que é tão doloroso sonhar com um "para sempre" que, mesmo não sendo para sempre na prática, poderia parecer eterno pelo tempo que durar, como dizia Vinicius de Morais?

Eu imagino se algum dia me sentirei seguro o suficiente. Quanto a isso, não sei se conseguirei alcançar tamanho nível de confiança. Logo eu, tão "traído" durante a vida, traumatizado com traições paternais, fraternais e amorosas. Aliás, muito traumatizado.

Sentir-me seguro... Beleza, oficialmente, desisto.

sábado, 1 de dezembro de 2012

Do direito de amar

Lutar por direitos é uma coisa estranha. Ou você faz drama e espera tocar o coração de outros, ou você luta e incita outros à luta. A primeira alternativa é chata, sem graça, demorada e, considerando a essência superlegal do ser humano, ineficiente. Faço mais o estilo da segunda. Aliás, nasci pra fazer a segunda.

domingo, 25 de novembro de 2012

E quando chega lá?

Você pensa que eu desisti. Mas você não me conhece. Se você me conhecesse, saberia muito bem que o meu começo é o meu final. Não existe final sem começo, mas no meu caso, não existe começo sem final. Final não no sentido de fim, mas no sentido de finalmente, alcançar um objetivo.

Eu nunca vou parar de lutar para ser feliz. E se minha felicidade depende da felicidade de um outro alguém, eu jamais desistirei de fazer esse alguém o alguém mais feliz do mundo. Parece coisa de filme, parece falácia. Que pareça. Eu vou até o fim. E não é o fim disso, é o meu fim. Esse fim, sim, no sentido de final. Porque essa busca nunca vai ter fim, a não ser que o meu fim se faça.

Minha mente está aberta ao máximo. Não vou deixar que uma limitação qualquer me faça perder a coisa mais importante que possuo. E se os acasos se fizerem tão maquiavélicos quanto os próprios seres humanos ao redor, terei calma. Minhas armas estão muito além da sua imaginação. Você não sabe do que sou capaz. Em palavras, eu sei do que sou capaz. Em ações, acho que não consigo definir um limite.

Já disse e repito: eu nasci para amar. Posso sofrer, posso me entristecer, passar por maus bocados, melhorar, ficar feliz e recomeçar esse ciclo quantas vezes forem necessárias. Mas eu prometo, para o destino, para o acaso, para esse Deus que tanta gente venera, e, o mais importante, para mim mesmo: eu nunca vou desistir.

Procurar sentido pra viver, cada um procura o seu. Ou faz o seu. Ou acha o seu. O meu foi "achado". E se eu morrer rico ou pobre, feio ou bonito, doente ou saudável, não me importarei, desde que eu morra ao seu lado.

Não sinta medo, eu não estou lhe obrigando a ser recíproco. Eu faço isso por você. Eu faço isso por mim.


[‎"Si vous laissez passer cette chance... alors... avec le temps c'est votre coeur qui va devenir aussi sec et cassant que mon squelette. Alors allez-y, nom d'un chien."]

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Só isso.

Estou aqui sentado em frente ao computador, Explosions in the Sky, um aperto na garganta, uma vontade de recomeçar tudo, um quê de o que que é isso? Não tenho motivos para me sentir assim. Aliás, não quero ter motivos para me sentir assim. Acho que estou começando a entender o que é perder. Voltando no tempo, eu realmente nunca soube perder. Nunca soube viver sem algo que "sempre" esteve ali. Esse é o mal do sempre humano. É um sempre de dois anos, mas que parece um sempre de dois mil anos.

Às vezes eu queria parar de errar, parar de ter preconceitos, abrandar um pouco o coração, aceitar tudo, ser um bobão, ser feliz.

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Acho que é isso. Por hora.

Sabe o que é legal dessa porra toda de relacionamento? Quando você se toca de que amar realmente é sofrer. E nem sempre é um sofrimento ruim, sabe? Eu, por exemplo, costumo ficar até 3:30 da manhã chorando por causa de um "Eu te amo". Já fiz coisas piores: já saí pra beber e quase entrar em coma alcoólico depois de um "Não". Ultimamente não sei mais do que sou capaz. Ou seja, esse blog não vai fechar tão cedo. Talvez feche no dia em que eu me cansar de escrever ou no dia em que eu morrer. Como o primeiro não vai acontecer, então esperemos que eu morra.

Está vindo tudo à tona, aquele sótão, aquele sarcófago congelado, o mais profundo breu do meu coração está saindo. Já viu alguém que fuma durante anos parar e começar o tratamento a fim de se purificar? Causa muita tosse, vômitos de catarro negro, excesso das substâncias que estavam impregnadas no pulmão que saem pra deixar o corpo novinho em folha, pronto pra outra. Estou mais ou menos nessa situação. Tá saindo tudo, tô vomitando tudo, tô chorando tudo, tô me purificando, tô quase morrendo.

Na verdade, tô tremendo de medo. Repetir tudo aquilo, sofrer, brigar, discutir coisas sem sentido. Dessa vez não vai ser assim, mas ainda assim, tenho medo. Medo de me entregar totalmente e da maneira errada, novamente. Eu tenho essa mania de ter que ter garantias antes de apostar, mas esqueço que estou lidando com o campo dos sentimentos. Tudo é aleatório aqui. Eu não tenho garantia alguma. Ele também não. Mas vou apostar, de novo, tudo. E cá se encontra o ser mais temeroso, aquele que não sabe o que fazer, não sabe o que perder, não sabe o que ganhar, que se desespera por isso e chora.

Eu desejei tanto que esse momento existisse, achei que nunca mais estaria nessa condição. Já tinha eliminado  tal futuro da minha mente, praticamente, digo. E, pluft! Uma SMS (e uma dose imensa de coragem) e as coisas voltaram, apesar de bem diferentes. Mas diferente é o certo, se acontecesse como antes, acabaria como antes. Será que acabará? Se acabar, que acabe de maneira totalmente diferente.

Se acabar de novo, já estarei ciente de todo o processo (que não sei se é o processo natural e correto). Não tentarei acelerar, só vou aceitar. Sofrimento é algo com o qual você aprende a conviver. Você aprende a viver, de fato. Sofrer é expectar. Quanto maior a expectativa, maior o sofrimento. Então, vou esperar o mínimo, o básico, o resto, o que vier, vai ser um bônus, o glacê, a cereja, a calda, o que vai me fazer mais feliz, por mais idiota que pareça.

Quando você não espera, você se liberta. Aprende a se amar. Nem você consegue suprir suas próprias expectativas, não seja idiota o bastante em acreditar que outros seres o farão em seu lugar. Pare de ser enjoado, meu filho. Largue em paz quem você quer em paz. Deixe voar, deixe viver, não cobre, apenas dê. Mas não dê muito, cada um tem seu limite de doçura. Um café é um café, um chocolate quente é um chocolate quente. É complicado, eu sei.

Felicidade desesperadora. Acho que é isso. Por hora. Vamos ver como me comportarei nos próximos dias. Mas eu só queria deixar uma última mensagem nesse post, então preste atenção e vê se para de dramatizar sua vida. Uma coisa é escrever, fazer música, fazer melodia, atuar, fazer arte, melodramática, dramática, desesperadora, explosiva, seja lá o que você acha que é ou o que sente.

Amor e o desejo de morrer não devem ser ditos. Devem ser feitos. Do contrário, não passa de falácia barata e dramática, coisa que eu realmente odeio.

Demorei tanto tempo pra receber amor verdadeiro de alguém (e nem assim acho o suficiente, pois sou um monstro) que não suporto ouvir um "eu te amo" aleatório com menos de 10 anos de amizade ou, no caso do amor conjugal, depois de transpor desafios aparentemente impossíveis de serem transpostos. Lembrando que não tenho amizade de mais de 10 anos de duração, ou seja, ninguém nunca disse que me ama, amigavelmente.

Não me venha com "eu te amo" nem com "quero morrer", pois, automaticamente, saberei que é pura hipocrisia. Se fosse verdade, você estaria agora ou do meu lado afagando meus cabelos ou morto em algum velório (que provavelmente eu não estaria).


sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Despedida

O objetivo do blog quando foi criado era o desabafo e a superação de uma situação muito peculiar, mas, ao mesmo tempo, comum na vida dos seres que amam e que sofrem com o amor.

Esse objetivo foi alcançado. O "eu te amo" mais sincero e que jamais será pronunciado novamente, foi me dito hoje. Este é o fim. A despedida.

Agradeço a quem acompanhou, a quem não acompanhou, a quem criticou, a quem, assim como eu, usou textos e pensamentos de pessoas anônimas para superar situações difíceis. Meu objetivo não era impactar a vida de ninguém, mas mostrar meus devaneios e pensamentos a respeito da vida, das relações do amor, e, mais importante, do "instantâneo" mundo dos sentimentos.

A maior parte dos textos foram escritos pelo teclado de um celular, pois tentavam explodir meus pensamentos e, a fim de evitar essa catástrofe, eles saiam pelos meus dedos, rápidos, urgentemente, desesperadamente. Eu nunca pude esperar.

Até uma próxima, se houver. Amem. Amém.

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Revisando a matéria

Até onde vai o auto-engano? Por que as pessoas teimam em afirmar coisas totalmente fora da realidade? Coisas que são realidade apenas em suas próprias mentes, muitas vezes mentes doentias, fazendo verdades de absurdos sem o menor sentido? Se tudo é uma questão de referencial, deve existir algum referencial do senso comum. E não me venha com a história batida de que o senso comum é muito comum, pois não é. Senso comum é pura felicidade, dependendo do âmbito.

Às vezes permanecer ocupado pode frear um pouco os pensamentos, as emoções, manter o foco em outros assuntos. Mas, sempre ao acordar, dois minutos antes do almoço, dentro do metrô, quando seu computador trava, ao olhar pro céu, existe um momento lúdico. É como se uma cachoeira de sentimentos quebrasse a represa da solidão e da ocupação e, num estalar de dedos, enchesse seu coração de milhões de rancores, felicidades, sonhos alcançados, sonhos perdidos. Dá vontade de chorar no meio da rua. Mas você simplesmente ignora, continua sua caminha, seus afazeres, antes que tudo passe da hora. Isso, no seu caso. No meu, não.

Eu prometi a mim mesmo que vou sentir até o fim. Até o último suspiro na cama. Posso tentar congelar meus sentimentos às vezes, como autoproteção, mas logo desbloqueio tudo, pois, sim, acho esse tipo de atitude a mais covarde possível. Entretanto, é difícil aprender a diferença entre se permitir sentir e externalizar todo esse turbilhão de assuntos mal resolvidos. Ninguém está preparado para receber sentimentos fortes. Você consegue pegar na mão do seu amigo, apertar, mas dar um beijo, isso já é demais. Você consegue dizer o quanto foi legal passar uma tarde com seu irmão, mas fazer dele seu confidente, isso já é demais. É nesse momento que descobrimos o quão sozinhos somos, o quão solitários estamos quando se trata de resolver os próprios dilemas. Deixar-se sentir e ao mesmo tempo se preservar. Ser um louco é muito fácil. Na verdade é mais fácil ser louco, não segurar nada, não ter pudores, sorrir para o perigo, cuspir na cara da sociedade, cortar o cabelo de maneira diferente, colocar um piercing, fazer uma tatuagem. Difícil mesmo é se preservar. Não digo no sentido sexual e social da coisa, um tabu. Digo quando se trata de sentimentos. Aprender a se resguardar, mas sem se congelar. É como ser uma válvula: deixar a água fluir sempre, mas controlar o fluxo, fechando somente em casos de urgência.

Minha válvula está por um fio. Não sei se abro, estou com medo de perder muita água como já aconteceu várias vezes. Mas ao mesmo tempo estou me sentindo seco. Sim, apático. Nada me anima. Nada me seduz. Nada me magnetiza. Externamente é interessante parecer feliz, fazer piadinhas consigo mesmo, mostrar pras pessoas o quanto você não se importa com todo esse mundo podre que existe lá fora. Mas também é interessante chegar em casa, sentar na frente de um computador e permanecer estático, procurando por sua própria existência, lendo textos e mais textos, conversando com pessoas aleatórias, pensando. Enfim, tentando se encontrar, encontrar respostas de o porquê o mundo não dar sempre o que se deseja.

Eu já disse que não vou desistir. Mas não vou desistir de mim. Faço o que for preciso pra encontrar minhas respostas. Mas por enquanto prefiro fingir que sou feliz, que estou empenhado, que a vida é interessante, que tenho tudo o que quis, que sou o que queria ser. Olho pra dentro de mim e só vejo um buraco. Um nada. Sou como uma casca. Uma casca legal, risonha, brincalhona, mas vazia. Fria e horrível por dentro.

Vou permanecer no auto-engano, tentando entender. O auto-engano não é da minha parte, só pra esclarecer. Vou observar, ficar confuso e ignorar logo em seguida, fingindo que não vou chegar em casa e ficar horas tentando compreender o que houve. Vou agir de maneira mesquinha, chamando a atenção, fazendo testes, entendendo.

E, sim, tudo para no final somente comprovar o que eu já sabia.

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Visão embaçada


Seria muito cedo pra tirar conclusões se as conclusões não estivessem sido tiradas desde muito antes. Por que esta fascinação pela certeza? Até onde os testes aos quais eu me submeto me levarão? Arrisquei de novo só pra ver como era do outro lado desse muro chapiscado. Ondes estão as flores que eu imaginava com tanto fulgor?

É agora que eu deveria ficar feliz? Dar pulos, cambalhotas, falar bobagens, sorrir freneticamente sem razão aparente? Se for o momento, desculpa, mas uma vez traí a mim mesmo. Aliás, eu traí a mim mesmo no momento em que neguei esse sentimento. Ele existia, mas a saudade funciona como uma enzima para a produção da solidão.

Fiz algo errado? Não. Fiz algo certo? Sempre. Sempre mesmo. Até as coisas erradas são certas, desde que você consiga absorver algum conhecimento e evolua a si mesmo.

Incompetência e podridão, duas palavras que me resumem por completo. Falar que estou quebrado é muito clichê, acho que fui pulverizado. Os vários autores dessa quebradeira fizeram um belo trabalho. Pulverizaram. Não dá mais pra juntar. Agora é conviver com toda essa bagunça. E, como toda bagunça, não consigo encontrar o que eu desejo: eu.

Estou confuso novamente. Todo aquele drama, todos estes textos, todo este tratamento pra, no final de tudo, descobrir-me "curado"? Eu queria estar morrendo de amores neste momento, estar desesperado, com o coração pulando pela falta, mas ele está tranquilo. Como há muito já estava e eu não havia percebido. O que está acontecendo? Eu fiquei velho? Eu deixei de amar? Ou será que estou amando tanto que nem percebo que estou só dando algum espaço adicional pra tudo não terminar como antes?

E seu eu estiver amando outra pessoa? E se não, se for só uma aventura idiota? E se eu não tiver nascido pra amar ninguém (nem ser amado por ninguém). Acho que assim seria melhor, eu não ficaria me enganado o tempo todo. Aceitar uma realidade é mais fácil que conviver com a dúvida, é o que eu sempre digo.

Eu não sei. Não sei mesmo. Minha aleatoriedade está cada dia pior. Ciclotimia mandou beijos.

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Vazio


Aconteceu o que eu mais temia. De tanto tentar, eu finalmente consegui. Consegui me fechar. E agora? O que vem depois? Estou perdido. Fechei a mim mesmo de um modo crescente, difícil, doloroso. Enterrei minhas opiniões, cessei os julgamentos sobre coisas que considerava fazerem parte do meu caráter, tranquei meus sentimentos.

Eu sinto o nada. Unicamente. Algumas vezes eu choro, tento entender de onde vem esse choro. Será que realmente estou chorando por quem perdi? Pelo que perdi? Ou estou chorando por não aceitar minhas próprias mudanças? Será que é saudade de alguém ou saudade de mim mesmo?

A culpa é do mundo? Destruíram meu eu pouco a pouco. Foram cortando meus sentimentos, cortando meu coração. Lapidando minha alma. Lapidar é uma palavra bonita, não é? Transformar uma pedra comum em uma preciosa. Não é nesse sentido que estou a usando, pois me tornei algo mais feio que antes. Minha essência se foi, aquele menino meigo, legal, que gritava e chorava pelo que queria, que sangrava quando não recebia um beijo de volta, que chorava porque os coleguinhas não o chamavam pra lanchar no recreio. Tudo se foi. Restou isto. Isso.

Mudar da água pro vinho, vamos falar a verdade por aqui: ninguém faz isso. Mudei do vinho pra água de esgoto, estou sujo, fedorento, não mereço o título de criança que um dia recebi. A santidade se foi. Eu me fui. Quem é esta pessoa que vos escreve? Se eu não sei, não ouse tentar decifrar. Não decifre o que já se perdeu, não ame o que já se desamou, não receie o que não pode atacar, o que não existe.

Ando pelas ruas, pelo metrô, pelo ônibus, pelo trabalho. Isso, só ando. Sou um nada, um zombie, um vazio com pernas. E não me venham com essa história de que alguém vai preencher, pois não vai. Não que eu esteja impedindo, mas tentei impedir por tanto tempo, tentando entender o que houve, o que mudou, que o desastre se fez. O inevitável. Uma pedra. A escuridão. Olhe nos meus olhos, diga que vê algo. Diga que consegue me encontrar e me trazer de volta pra mim mesmo. Parece que não, mas estou sorrindo. Pois não entendo nada do que eu digo, não entendo o porquê de estar escrevendo pra mim mesmo e mostrando pros outros. Não entendo onde estou, o que houve, o que devo fazer. Minhas escolhas são só uma sucessão de coisas inevitáveis da onda invisível da vida. Fica parecendo que sou forte, né? Fica parecendo que eu sei o que estou fazendo. Pois não sei.

Já quis tentar controlar minha vida (e a de algumas pessoas), mas falhei. Você estava fazendo isso errado, cara. Na verdade, isso nunca será feito da maneira certa, pois não pode ser feito. Desisti de fazer planos. Vivo o hoje, penso no futuro, mas não nutro nenhuma expectativa. Imagine só se eu juntasse dinheiro pro meu tênis e morresse na esquina da minha casa? Imagine só se eu me preparasse pra um casamento imaginário e fizesse toda a minha vida em uma agenda, mas ficasse louco? Faço o hoje. Isso assusta muita gente. Assusta até demais: já me chamam de louco, de idiota, de enrolado, de desgarrado. Até de superficial já me chamaram! Mas eu desisti do que necessita de nutrição, de atenção, de incentivo. Nada disso dá certo. Por isso agora eu só faço o instantâneo e, se ele nutre algo ou não, isso não vem ao caso, não me importa. Se nutrir, ótimo, está feito! Se não, já passou há alguns segundos, minutos, anos, pluft! Esqueci já, vê?

No fim de tudo, será que essa saudade toda era só uma tentativa desesperada de canalizar a frustração pessoal para alguém? Para uma situação? Ridículo. Como pude ser tão covarde. Logo eu? Será que o desafio é me amar e, diferente do que eu pensava, fazer isso antes de amar ao próximo? Dói não se amar.

Eu não desisto do que realmente me faz bem, isso já ficou óbvio por meio dos meus textos. Não vou desistir de tentar reverter esse estado de espírito em que me coloquei. Às vezes eu chego a fingir que estou gostando de uma conversa, quando na verdade gostaria de gritar na cara do interlocutor o quanto acho suas ideias mimadas e sem sentido. Odeio gente que faz planos de si mesmo, planos de amor, planos de qualquer tipo. Eu já fui assim, fazia planos de cada centavo que eu gastaria no mês, de quais línguas aprenderia, de quais empresas trabalharia, de onde moraria com meu amor, quantos filhos teria. Hoje faço planos de que horas vou acordar no outro dia pra poder almoçar com uma amiga. Isso me deixa feliz, em êxtase. Hedonista, eu? Sim. Qualquer pedaço de diversão, por mais idiota que seja, já serve pra esconder o meu vazio dos olhos externos.

Escrevo, escrevo e não chego a uma conclusão que agrade, né? Pois já me agradou. Já o que devo fazer amanhã. Vou me levantar, ir pra faculdade, trabalhar, voltar pra casa e, se acontecer alguma coisa, talvez eu vá pra cara de um amigo, talvez eu vá pra alguma boite, talvez eu fique em casa, talvez eu me suicide. Vai saber. Vai saber... Não vai saber.

Tanto faz. Sério. Tanto faz. Para a imensidão do vazio, qualquer matéria é nada. Só um big bang faria eu me recuperar agora. E aí, você é um big bang? Vem criar um universo novo pra mim, vem preencher o meu vazio, vem me mostrar pra que lado eu devo expandir. Se eu devo expandir. Vem me mostrar que a vida pode ser mais legal a dois.

Aliás, não vem não. Fica aí mesmo, parado. Deixa a vida passar e você não alcançar seus planos. Fique sem tentar. Seja cheio de ideias e vazio de conquistas.

Sou vazio, sim. Às vezes com muito orgulho. Outras vezes, com descaso.

E a culpa é toda minha. Santa incompetência.

domingo, 23 de setembro de 2012

Eu me rendo

Eu me rendo. Faltam quatro dias pra completar seis meses da sua ausência e cá estou eu, de novo, chorando. Vou gritar pro mundo se foder. Vou gritar pra tudo se foder. Eu quero que tudo se exploda, só pra você ficar sozinho comigo aqui. Sim, chega de falsos pudores, chega de tudo isso, chega de tentar enterrar tudo, eu não quero! Não! Sim, isso é uma birra, mas uma birra moderada, pois não vou sair correndo pra porta da sua casa depois de tanto tempo. Bem que eu gostaria. Na verdade, era o que eu mais queria. Por que essa esperança de te ter de volta nunca enfraquece? Cada dia que passa é como se eu me aproximasse um pouco de você, pois, não sei o porquê, mas acho que um dia estaremos juntos novamente (e pra sempre). Sou idiota sim, sou criança sim, sou tudo isso. Eu só não quero desperdiçar minha vida com arrependimentos desnecessários. Se algum dia eu morrer sem ter você ao meu lado, sem ter pelo menos terminado isso tudo de forma decente e aceitável, não morrerei da maneira correta. Vou me remexer em meu túmulo eternamente, arrependido, chorando.

O problema desses momentos intensos de tristeza e saudade é que você não consegue segurar o desespero. Voltei a sentir o gostinho amargo daquela madrugada do "não." com ponto final. Deveria tatuar isso no corpo, porque no coração já tá faz tempo.

Largaria tudo na época, largaria tudo agora, e creio que pra sempre.

:'(

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Com a alma nua


Uma tequila, duas tequilas, cinco tequilas.
 O batom vermelho já borrado no co(r)po, música alta, amigos reunidos; uma injeção de euforia que funciona muito bem...por algumas horas.
 Abri os olhos e o ar me sufocava, abri a porta e mundo parecia o caos. Poderia ser ressaca, TPM ou mau-humor matinal, mas parecia fome. Café quente, pizza fria; mas o vazio não passa, este é outro tipo de fome. É, fome daqueles atos enlouquecidos, fome de perder o fôlego, de sair de casa e voltar cheia de marcas. Elementar meu caro leitor, minha fome é de adrenalina.  C9H13NO3, provavelmente a substância mais viciante de todas.
 É disso que sinto falta, um dos meus maiores desejos, é muito estranho estar num universo dinâmico e de repente perceber-se estática. Este vazio se apoderou de mim como uma jibóia envolve sua presa, era como ter uma pedra no meu peito, algo que se assemelhava a uma mão apertando meu coração e comprimindo mais a cada pulsar.
 Um vício frenético, uma agonia vulgar; é possível morrer de abstinência de vivacidade? E a tal da epinefrina? A verdade é que preciso disso e viver sem é o mesmo que definhar e apagar aos poucos quando tudo que se quer é ver algo queimar. Gosto de emoções à flor da pele e preciso de um choque de realidade, sem conivência. Tenho que lembrar de dizer a mim mesma: levante-se e faça! Só se vive uma vez.
 Ao menos uma vez na vida a gente tem que se despir. Não, não falo de roupas - quantas vezes aquela camisa já não ficou jogada no chão?- Falo de despir a alma e vestir a própria pele. Largar as idéias pré-concebidas e ficar só com os princípios e com a essência. Largar tudo aquilo que se toma por verdadeiro ou falso sem ao menos saber o porquê. Quantas vezes a gente vai ficar pelo meio do caminho até aprendermos sobre a necessidade de quebrar algumas de nossas para sermos de fato felizes? O nome disso é liberdade, alguns limites existem unicamente para serem quebrados. Ah, depois de fazer isso uma vez repetir é quase irresistível; a vida precisa de tempero, de pimenta. Alguém aí pode me passar o sal e o limão?

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

De peito aberto



Bom, voltamos para aquela garota estranha. É, aquela de cabelos verdes e quadril tatuado que só sabe falar de si mesma na terceira pessoa. Viu?! Eu disse que (ela) era estranha.
Ela até tentou ser mais fria, mas a lembrança daquele garoto lhe aquecia a alma. Como foi dito no texto anterior, é irritante tentar esquecer e a garota não queria isso. Não é algo que simplesmente se deixe para lá.
A verdade é que por onde quer que ande, ela o deseja ao seu lado; em cada situação estranha que se mete –e é um número bem considerável- o imagina lá, participando de seus risos. Sim, aquelas gargalhadas que fazem a pessoa lacrimejar e a barriga doer. Ela quer tocá-lo e perder o fôlego. Mas que tipo de cientista é essa que vive com a cabeça nas nuvens?
Ah...mesmo com toda a distância ela o quer presente. Cada menção dele faz com que seu sangue pulse mais forte; é como se seu corpo fosse percorrido por impulsos elétricos nascendo no peito e espalhando-se até as pontas dos dedos. Pode até ser insano, mas é delicioso. A garota até cogitou a hipótese de congelar seu coração, mas só de pensar nele um sorriso invadia seus lábios e não havia nada que o tirasse de lá. Foi aí que soube que era um caminho sem volta, em situações assim não há muito que fazer além de mergulhar de cabeça e encarar as consequências. Decidiu-se por abrir mão da racionalidade e cuidar das borboletas em seu estômago.
Se tivesse que chorar, choraria; se tivesse que se alegrar, viveria isso com toda a intensidade que lhe era própria, mas não seria coadjuvante da sua própria vida, tinha que ser leal com seus próprios sentimentos.
Respirou fundo e escancarou certas verdades de peito aberto. Sabia que sentiria uma dor excruciante ou uma felicidade sublime, mas o que quer que aconteça vai sugar até a última gota, ela sabe onde está a sua toalha.  






domingo, 2 de setembro de 2012

Sobre esquecer

É irritante tentar esquecer. Cada dia colocar uma pedra sobre algo vivo. Aquela agonia de ver algo agonizando. Será que nunca vai morrer? Dia após dia eu vivo, penso que vivo. Minhas conquistas já não fazem tanto sentido. São somente ferramentas pra me deixar feliz por um tempinho. O que eu quero de verdade, acho que jamais conseguirei.

A ferida se abriu e o sangue escorreu em forma de lágrimas por todo um domingo ensolarado e convidativo.

domingo, 19 de agosto de 2012

O "Eu sabia!" nunca falha

Expectativas podem ser cruéis. Mas quando você as faz conscientemente, elas são apenas cruéis. Descobri de uma maneira não muito agradável que existem expectativas encrustadas no subconsciente. Essas não tem adjetivo que caraterize. Não ouso dizer que são apenas cruéis. São aqueles pensamentos de confiança, de que as pessoas que estão ao seu redor não representam perigo algum, são confiáveis, são como você imagina a si mesmo. O texto anterior cita uma passagem de Douglas Adams, falando que é preciso ver primeiro para depois falar. Eu achei que tinha visto, falei, acreditei, mas não era bem assim. Na verdade, eu tentei ver, não vi de verdade.

O ser humano é realmente excepcional. É um dos únicos animais que conseguem produzir tecnologia, imaginar além do próprio habitat, enfim, usar o cérebro de maneira única. Mas ele escolhe fazer projeções. Projeções aqui, projeções ali. Aquilo que você tem como certeza, pode ter certeza, meu caro, é incerto. Cada certeza existente é uma projeção feita por você mesmo. Nada é real, nada é concreto, nada é como você pensa que é. Duvidar de tudo e de todos, em que momento abandonei essa filosofia a qual segui por tanto tempo (e funcionou muito bem)?

Já disse que vou trocar meu sangue por sangue de barata. Mas coitada da barata, acho que nem o dela suportaria esse mundo vil de relações pessoais impossíveis de serem compreendidas. Machuca, pede perdão. Machuca, perde perdão. Sempre pensei dessa forma, não sei o porquê de ter abrandado um pouco a temperatura do meu coração, regulada em zero absoluto.

Até onde vai a falta de caráter das pessoas?, uma tese de pós-doutorado que faria jus a um prêmio Nobel. Eu me recuso a participar dessa orgia comunitária, dessa falta de lealdade. Eu tenho que ser leal a pelo menos alguma coisa: a mim. Se eu não consigo ser leal nem a mim mesmo, estarei dando boas-vindas a um mundo de hipocrisia, um mundo que dispenso e repudio. Eu gostaria, mesmo, de simplesmente colocar algum metal rock pra tocar e ficar gritando como louco, tentando esquecer, mas não consigo. Eu tento entender. Eu tenho que entender. Mas nunca entendo. Qual o problema desse pessoal?

Qual o problema comigo? Deveria, eu, transformar-me em mais um ventríloquo, falando e agindo automaticamente da maneira correta em frente às pessoas, ignorando todo esse mal, toda essa falsidade e, de quebra, sendo falso comigo mesmo e me corrompendo de vez? Ou eu deveria tentar mudar um pouco esse mundo, mandando cada pequena alma desgraçada ir à puta que pariu? Ou, ainda, devo ignorar tudo e fingir que nada aconteceu, continuando fiel a mim, mesmo enfiando uma faca no meu coração?

Eu não sei o que fazer.

Pulga é o tipo de animal que eu apoio a existência. Até cultivo muitas pulgas atrás da minha orelha, alimento bem, meu sangue é dos bons. Elas me ajudam a ficar com o pé atrás com muitas pessoas. O problema é que a gente para de escutar quando o discurso é o mesmo. Elas sempre me falaram: "Cuidado, cara, esse aí não presta. Esse cara nunca falou contigo sobre sentimento nenhum dele! Como pode isso? Seria ele um robô? Ele já falou de sentimentos com alguém que você conhece? Não? Gotcha! Larga isso de lado, cara, você vai acabar se machucando." De tanto escutar a mesma coisa, acabei ignorando, como aquela canção de ninar que você sabe a letra, mas nunca parou um momento pra interpretá-la. Agora as pulgas me repreendem. Querem reajuste salarial. Vou melhorar meu sangue.

No fundo, eu sabia. Todos sabiam. Todos sempre sabem, mas o masoquismo, a carência, a vontade de ter um amigo, de ser amado, de ser aceito, fala mais alto. Eu sabia. Sabia, mas não impedi. Sabia, mas duvidei que sabia. Que tipo de engenheiro social sou eu se não consigo ter certeza das minhas próprias projeções. Ops, certeza não existe. Projeções não deveriam existir.

Vou recomeçar meu jogo de xadrez. Aos 21 anos, depois de uma paixão, abandonei o jogo, julgando que estava sendo duro demais comigo mesmo ao escolher um caminho tão calculista. O jogo está apenas começando. Reergui meu rei, os súditos não são confiáveis, mas sei como usá-los. Os peões são fáceis de encontrar e manipular. Congelei meu coração. Fim de papo. Até 2015, juro cheque mate.

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

E assim vai


 É...isso é real, realmente aconteceu. Você pode até ter jurado para si mesma que não deixaria acontecer, mas isso obviamente não está sob seu controle.
 Garota, encare a verdade: seu coração está em pedaços e você está magoada, com a intensidade que lhe é característica, se sente exposta e em carne viva. Sim, eu sei que você iria até o inferno e voltaria por essa causa, mas isso que para ti é tão verdadeiro e tão visceral aparentemente só funciona assim sob sua própria ótica. Tudo bem, a frase "we didn't nothing!" fica ecoando na sua mente a todo tempo, é hipnótico e enlouquecedor -estás até imaginando a voz-, mas mude o foco um momento. Não   digo isso por masoquismo ou auto-piedade, digo isso para que saibas como agir.
 Sim, agir! Este é o seu cérebro falando.
 Chore tudo que tem para chorar, grite e se arranhe; mas se fores tomar um porre, deixe o celular longe. Destile a sua dor e tome coragem para dizer tudo o que tem que ser dito (aposto que está arrependida por não ter feito isso antes), mas tente não ser injusta, tristeza não é passe-livre para crueldade. Agora deixe de ser cabeça dura, não é a primeira vez que a experiência te ensina a confiar na intuição. Douglas Adams já disse: "é importante ver primeiro e falar depois. Mas sempre ver primeiro, senão você corre o risco de ver apenas aquilo que quer."
 Está tão difícil respirar, essa dor é sufocante; afrouxe um pouco seu espartilho, desate esse nó que está na sua garganta. Talvez você congele um pouco seu coração, não que este seja um bom meio de viver, mas esse só por um período de sobrevivência. Calma, vais aquece-lo novamente. Não hoje, mas vai. Mas que porra você está fazendo??? Desliga essa TV! Nunca fostes fã de Coldplay e essa é a pior hora para começar, vai lá ouvir Motorhead e gritar com o Lemmy.
 Não que você deva ignorar seus sentimentos, mas use um pouco dessa massa cinzenta que você tanto se orgulha. É uma fase difícil, mas olhe em volta; levantar-se é uma questão de coerência. Medo de sentir dor? Já está doendo! Olhe para o seu quadril esquerdo e lembre de como esse desenho foi parar aí.
 Então, não negue o que sentir, nem a dor, o carinho, o amor; nada. Deixe as coisas boas permanecerem...Chore, surte, enfureça-se; mas acima de tudo, reerga-se e a mágoa vai embora.

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Brainstorm

Por que você tenta tanto? Por que você quer tanto me entender? Eu mesmo não me entendo. Como você poderia me entender? Que pretensão é essa? Pare com isso. Pare já. Isso está me deixando com medo. Eu devia estar feliz, mas estou com medo. Muito medo. Cada dia, cada mensagem que envio, me dá um frio na barriga. Eu quase choro quando vou pra cama. E não é choro de tristeza, nem de felicidade, é de desespero. Estou assustado. Desesperado. O que está acontecendo? De novo? Eu vou ter que passar por tudo aquilo outra vez? Já não chega? CHEGA! Mas... O que será de mim, se eu não tentar? Eu construí um verdadeiro castelo de gelo ao redor dos meus sentimentos. Nada penetra, nada perturba, nada influencia. Então, por que estou assim? O que você está usando? Que magia é essa? PARA! Não vê que está me assustando? Para, agora, sério. É insuportável. Quero correr. Quero chorar. Quero sorrir. Quero fugir. Quero morrer. Desde quando eu fiquei tão medroso? Logo eu, que já enfrentei tanta coisa, já pensei tanta coisa. Minha cabeça agora está inebriada da mais pura e simples insegurança. Não sobre o futuro, nem sobre o passado, nem sobre você. Sobre mim. Por não julgar as pessoas acabo não tendo opinião formada. Acabo não tendo personalidade. Acabo não sendo algo. Quem sou eu? Como assim, eu? O problema aqui é você! Qual o meu problema? Qual o seu problema! Saia da minha vida! Me deixa, ainda não me recuperei. Não posso fazer isso... Não quero magoar você... Não quero envolver ninguém no meio desse rancor. Eu sou um poço, daqueles bem profundos, transbordando rancor. Ninguém nunca saiu de lá. Não se contamine, mantenha distância. Não me faça ter mais rancor de mim mesmo por estragar a vida de mais alguém. Você não merece isso. Eu não te conheço direito, mas tenho certeza de que você não merece isso. Ninguém merece. Fuja, antes que seja tarde. Esse turbilhão de loucura e psicose vai acabar te alcançando. Eu vou te magoar sem nem saber. Eu não vou conseguir lidar. Você, principalmente, não vai conseguir lidar. Sabe por que não vou em psicólogos? Eu os analiso e roubo seus empregos. Ou os deixo loucos. Não se meta comigo. Não se meta com essa mente rancorosa e vil. Daqui não sai nada de bom. Daqui jamais sairá algo que preste, algo que dê frutos, algo que dê futuro. E ela cresce rápido. Rápido até demais. É como se houvesse outra personalidade nascendo, se alimentando de inteligência, de informações, coletando, julgando, fazendo planos. Não consigo mais me controlar. Meu rancor está se tornando minha personalidade. Segunda personalidade. Está massacrando essa que escreve nesse momento, não aquela do começo do texto. Daqui a pouco ela volta, espera só. Isso é fruto de muitos problemas, os quais não abordarei jamais. São segredos envenenados escondidos nos mais profundos escombros dos porões que destruí, desesperadamente, na tentativa de esquecer o passado. Você está reconstruindo a parte boa de mim. Não faça isso... A parte ruim não está achando nada legal. Está perdendo espaço. Pare com isso, já disse. Saia logo. Vá viver sua vida bem longe. Eu sou uma bomba relógio. Sou um relacionamento fadado ao fracasso. Tenho prazo de validade, pois estou sempre podre. Eu sou podre. Todo podre. Sabe esse sorriso falso no meu rosto? É só pra agradar. Há tempos não sorrio de verdade. Aprendi a fingir pra mim mesmo (o pior tipo de falsidade). O aviso está dado. Mas, ó, se conseguir me salvar, por favor, salve de verdade. Lute com unhas e dentes, me agarre com toda a sua força, chore comigo, brigue comigo, me beije na frente de freiras, dê tapas na minha bunda em público, soque alguém por mim. E, o mais importante, se ao fim disso tudo você perceber que eu estava certo, por favor, pegue uma arma e me mate encapuzado. Pois assim pouparei meu suicídio e morrerei pensando que você realmente me salvou... e que realmente (e finalmente) me amava.

Decida-se.

Attention whores

Attention whores, figuras mitológicas poderosíssimas. Eu realmente gostaria de entender tamanha carência. Na verdade, gostaria de entender o porquê dessas pessoas direcionarem sua própria psicose no sentido de conseguir atenção de tudo e de todos. E quanto mais difícil é, mais elas lutam. No campo do amor, então, é um caso de tortura emocional para os despreparados. Eu estava despreparado, mas agora estou armado até os dentes.

Se apaixonar por um monstro desses é o pior golpe que o destino poderia lhe dar. E, como sou muito sortudo, né, adivinhem. Começou com conversas e terminou quando eu saí da internet no meio da madrugada chorando. Isso não poderia ser algo normal, saudável, comum. Eu teria que parar, ativar o autocontrole emocional que desenvolvi depois do último relacionamento. Congelar o coração é uma arte, requer treinamento, esforço. Jamais vai ser um congelamento perfeito, mas, pelo menos, você consegue se controlar.

Eu não sei se é medo, prazer ou graça que elas sentem. Conquistam, fofas, lindas, almas gêmeas. Somem, desculpas sem sentido, um "não" pela metade, só pra te manter perto, bem em cima do muro, no equilíbrio, pra que você as atenda quando perceberem que está desistindo. Dói. Acho que esse é o objetivo. Ver-lhe sofrer é o maior passatempo dessas entidades malignas.

Mais uma vez o "foda-se" se mostrou a melhor arma. Vou acabar tatuando isso bem na testa.

[Só me deixe em paz se não tem coragem de nada.]

terça-feira, 14 de agosto de 2012

Não é doença nem obsessão, no fundo, bem lá no fundo

No fundo, bem lá no fundo, eu espero uma quinta-feira a tarde pra te encontrar. Sentir aquele friozinho de susto na barriga ao te ver depois de tanto tempo. Começar a tremer, ficar com as mãos geladas e suadas, corar. Apertar o maxilar como se estivesse tentando arrancar todos os dentes com a própria força. Aquela falta de ar que teima em inflar, mesmo que de mentirinha, a minha cabeça. Aquela explosão de raiva, rancor, decepção, alegria, emoção, carinho, inveja, saudade, beleza, amor.

Não me importaria se tudo desse errado, se você só virasse sua cara, tentando fazer de conta que eu não existo. No fundo, bem lá no fundo, eu sei que você sentirá os mesmos efeitos. Talvez a gente só passe um pelo outro, evitando trocar olhares, e nunca mais nos veríamos de novo. Talvez nossos olhares se encontrem, fazendo com que amaldiçoemos a nós mesmos por tamanha besteira. Talvez eu te veja e você não me veja. Talvez eu não te veja e você me veja. Talvez você esteja acompanhando. Talvez eu esteja acompanhado. Mas, com certeza, toda a certeza, você e eu sentiremos, por meros segundos, tudo aquilo que já sentimos um dia. Um dia não, vários dias. Será tão intenso que eu (e você), ao invés de se alegrar com tal sentimento, ficarei amedrontado e fugirei dali. Fugirei da última vez que te verei. Mas, pra mim, vai ser o suficiente pra reviver toda a memória, colocar meu coração pra bater de novo, minhas lágrimas pra jorrarem, minhas mãos pra tremerem.

Fugirei, pois, só assim, mergulhado nesse lago de desilusão e incerteza, de amor incondicional e de rancor amanteigado, poderei manter sua memória pra sempre no meu coração.


domingo, 12 de agosto de 2012

Let's put some color...


Sentada na penumbra daquele corredor deserto uma garota -aquela estranha e de cabelos coloridos- admirava a chuva. Não havia sol a lá fora a água banhava as árvores balançadas pelo vento com um barulho sublime e ensurdecedor. 
O céu estava cinza, ela o adorava dessa forma. Mas talvez só gostasse tanto por que ironicamente, quanto mais cores ela encontrava, mais seu coração parecia estar em preto e
branco...ou sépia, vai saber.
É bem verdade que essa garota é o contraste em pessoa. Razão e sentimento, teoremas e poesias, equilíbrio e extremismo eram dualidades sempre presentes naquela cabeça. Mas ultimamente ela achava tudo morno...justo ela que era sempre tão intensa, há muito não sentia o coração disparar, nunca mais tinha chorado, suas paixões não eram como antes e sexo era apenas sexo. Embalada pelo barulho hipnótico da chuva perguntou-se quando havia ficado tão fria, perguntou-se o por quê de tudo lhe parecer tão apagado.
Resolveu que aquilo era demais, até mesmo para ela. Queria borboletas no estômago e um pouco de selvageria, queria paixões que a arrastassem para a insanidade, para que ela pudesse contar como havia sido. Da vida resolveu que sugaria até a última gota. Da luxúria arrancaria todos os gritos, queria perder o fôlego e se agarraria a isso com unhas e dentes.
Tomou a sábia decisão de recolorir seus dias, redecorar sua vida com toda purpurina que tinha direito. A liberdade é irrestível demais uma vez que se experimenta... Feito isso, respirou fundo, clareou a mente e se jogou de cabeça no mundo que se abria diante dela.

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Família é família, né?

Alguns diriam que eu estou fazendo a coisa certa. Outros diriam que abandonei as minhas próprias conjecturas. Ainda há aqueles que diriam que eu me humilhei sem necessidade, novamente. Eu digo que dei mais uma chance de viver sem rancor à essa existência e estou tentando ser feliz.

É muito complicado lutar contra rancor. Ele tem armas superavançadas! Faça um teste: compare sua reação quando você é submetido a uma falta de polidez de um amigo com a reação quando o mesmo acontece com aquela pessoa insuportável. A falta de polidez pode ser a mesma, porém sua reação será totalmente diferente. Seu amigo receberá um "Gordo maldito! (risos)" e o odiado se contentará com um silêncio mortal exterior, mas que pode ser traduzido pelo seguinte pensamento: "Filho da puta! Como você continua fazendo esse tipo de coisa comigo?! Depois quer ser perdoado. Não tem jeito mesmo. Desgraçado. Ainda vou conseguir me livrar de você!" Parece injusto, né? Mas é a balança do julgamento que simplesmente despencou com o peso do rancor.

Decidi tirar o peso, pagar pra ver (de novo (depois de várias (e várias (e várias)) vezes)). É assim que tem que ser. Ciclos. Felicidade, briga, rancor, julgamento, ódio, depressão, desilusão, pensamento, consideração, outra chance, fechando o ciclo. Estou no momento felicidade, aguardando a briga pra tentar pular direto pra consideração. Cansei de rancor, julgamento, ódio, depressão, desilusão e, principalmente, de pensar. Penso, penso, penso. Sou formado em psicologia no meu próprio cérebro. Parei.

A coisa fica mais fácil quando você se coloca no lugar das pessoas. Você faria diferente? Pior? Melhor? Eu, geralmente, faria muito pior. Acho que é por isso que acabo perdoando e tentando outra vez. O ódio e o amor são coisas engraçadas, né? Muito mais efetivas que drogas ou chefes. Ultimamente estou me colocando no lugar até das formigas que mato e acabo ficando com pena. Das aranhas não. Aranhas devem morrer independentemente de qualquer que seja a situação. Se eu fosse uma aranha, já teria me atirado no primeiro pé humano pra morrer esmagada. Minha existência seria desprezada. Espera... Aposto que já pensei assim de alguém... Porra de rancor. Pior que venda. Pior que protetor auricular. É o poder do megafone inconsequente.

Esse é o motivo de eu ser calado. Penso, penso, penso, penso o tempo todo. Pareço uma máquina que não consegue ficar parada, movida pela curiosidade sentimental. Elaboro todos os tipos de situação, coloco o alvo em cada uma delas, analiso a possível resposta aos estímulos do ambiente, estudando a cobaia. Coloco-me na mesma situação. Comparo os resultados. Julgo. Recomeço com outra situação. Construo um modelo do indivíduo. Determino as melhores formas de lidar, amar, odiar, ignorar, tudo dependendo da  minha própria intenção. É importante analisar não só os amigos para que tudo corra bem, mas também os inimigos para autoproteção.

Mas... e quando o alvo é alguém da família? Familiares fazem parte de um setor que pode se enquadrar em "amigos", "inimigos" e em um outro, que vou chamar de "mas é da família, né?" Familiar é familiar. Se for amigo, ótimo. Se for inimigo, pera lá, não vamos piorar a situação. Se for "mas é da família, né?", provavelmente tem algo errado aí. O rancor se apresenta com mais força contra os dois último tipos citados.

Imagine um familiar inimigo: um filho da puta que você mandaria matar, se não fosse da família, claro. Geralmente fazer a política da boa vizinhança já resolve a situação e você fica livre de frustrações maiores. Porém, e se o inimigo for da família de primeiro grau? Digamos... Seu pai? Ok, complicou. Não dá pra ser inimigo de pai pra sempre. Ou dá, vai saber. Depende da escolha.

Escolhi não ser. Inimigo, claro. Então, o rancor pelo inimigo, o mais forte, o mais pesado, foi o que eu tive que lidar pra tentar transformar o "inimigo" em "mas é da família, né?" Quem sabe, talvez, em um futuro não muito distante (mas também não tão próximo, né, porque não sou de ferro), eu não consiga um "amigo"?

É duro galera. Requer sangue de barata. Aliás, de aranha. Aquele sangue que parece sem sentimento, mas é sangue de quem consegue se dar uma chance de refazer as coisas, de acreditar na mudança das pessoas, de aceitar que cada pessoa que não te conhece devidamente bem pise e te esmague e você continuar tentando ser amigo, ser legal, esquecer, se humilhar.

Parei de matar aranhas. Acho que são primas. E primo é da família. Não posso matar gente da família (apesar da vontade). Família é família, né?


quarta-feira, 11 de julho de 2012

Desistência temporária

Aquele pingentezinho de esperança, no formato de coração, com um desenho de relógio, bem gay, bem emo, bem imaginário. O relógio marcou a hora que deveria. Marcou com tudo. Marcou bem marcado. Mas marcou o que? É claro, ora bolas, marcou a hora do coração agir. E é por isso que o meu coração está agindo aqui, agora e por um bom tempo: adeus.

Outro adeus. Mas esse vem com uma dorzinha chata, nada sério. E nem é um adeus estilo "sayonara", é um adeus estilo "até quando você estiver preparado". Se é que um dia estará preparado. Doeu não, só decepcionou. E é uma decepção tão íntima! Ninguém fez nada errado, ninguém aporrinhou a estrutura que fluía entre nós, ninguém disse que sim, mas deixava muitos rastros de não.

Essa tática de me fechar funciona bastante, principalmente no quesito autoproteção. Esse foi o primeiro (de muitos) "frutos" que pretendo colher usando-a. Lamentar? Acho que lamentaria se tivesse acontecido algo mais. Não, mentira. Lamento sim. Amor platônico é uma coisa, né?

Uma dilaceração bem de leve, aos poucos, fininha, calminha, baixinha, quase uma nota bem alta de violino, tocando em um volume bem baixo dentro do estômago. O problema é que dá vontade de chorar. Não pelo evento em si, mas pelo que ele me faz lembrar.

É aquela velha e infinita história, aliás, história não, lei, provada, aprovada, holística, linda, charmosa, filha de uma puta desgraçada:

"Amareis quem não vos amará e sereis amado por quem não conseguireis amar."


[Grooveshark é a descoberta da semana. Não que eu não conhecesse antes, mas fiz uma conta e "linkei" com o Last.fm. Muito bom escrever e escutar músicas sem ter que conectar meu HD externo (onde estão todas elas).]

terça-feira, 10 de julho de 2012

Mais um

Sabe aqueles altos e baixos que acontecem a todo momento na vida? Acho que estou passando por um bem baixo. Muito baixo, eu diria. Deve ser daí vem o nome "depressão", que nem em geografia, onde depressões são regiões mais baixas que o resto da paisagem à sua volta. Sou uma região baixa quando comparada às demais. Sou não, estou. Português é uma coisa linda, né?

Muita coisa dá errada a todo momento e é óbvio que a culpa não poderia ser de ninguém mais se não minha. Fase de total descaso com os estudos, já que greve e questões existencialistas mil vezes mais importantes permeiam meus pensamentos. Tudo parece estar fora do lugar. Ou, mais precisamente, eu estou fora do lugar.

No meio da "depressão", eis que me surge alguém legal, inteligente, não do jeito que eu gostaria, mas do jeito que faz com que eu gostaria de gostar. É, claro, uma armadilha, como tantas outras. É tão óbvio. Exala fraqueza emocional. Vai dar errado com toda a certeza. Mas... É, mas. Esse mas é um filho de uma boa senhora, diga-se de passagem.

Sempre que aparece alguém assim na sua vida, você tem duas alternativas: aceitar que ele seja seu amigo, afinal de contas, ele tem todos os requisitos pra se tornar a amizade mais próxima; lutar com todas as forças pra conquistá-lo, pois uma pessoa dessas não pode cair nos braços errados. Agora, imagine que você está entre as duas alternativas: em uma zona de amizade e, ao mesmo tempo, amando de verdade, como há muito não o conseguia. O que fazer?

Sair com amigos é a coisa mais animadora que existe. Você conversa, bebe, come, se diverte, fala bobagem, fala mal dos outros. Mas sair com amigos e com esse ser maldito e amado é outra história. Você fica ali, igual um otário, olhando, hipnotizado, a noite toda, não consegue se comunicar, parece um babuíno, não consegue beber moderadamente, não consegue dar a devida atenção aos verdadeiros amigos. E tudo isso para, no final da noite, o ser simplesmente ignorar todo e qualquer sinal de interesse vindo de você e ficar com a primeira pessoa que aparecer.

Caos. Explosão. Fogo. Espingarda. Canivete. Cerveja. Vodka. Onde está minha vodka!? Eu quero morrer e sair daqui o mais rápido possível. Ou o contrário. Não quero ver essa pessoa nem pintada de ouro. Nunca mais! Maldição.

Passa a noite, doze horas de sono, mais cinco horas de dor de cabeça intensa, mais três horas de devaneios existencialistas e o indivíduo manda uma SMS perguntando sobre a sua situação "moral". Ao invés de mandar ir à profissional da vida que o deu a luz, você simplesmente responde: "Estou ótimo! Não tenho ressaca, estou forte com bebidas hehe."

O ciclo recomeça. Você não consegue ficar longe (e não tem a permissão pra ficar perto). Sinto-me como alguém que foi amaldiçoado e só terá amores impossíveis ou em um nível de complicação beirando o da "teoria do Bóson de Higgs".

Para todos os efeitos, estou como um adesivo que não consegue mais se colar. Por esse motivo, parei de tentar xavecos em boites e locais públicos. Até eu me sentir seguro o suficiente e ter a certeza de que será possível aprofundar uma relação, não vou me envolver com ninguém pra não magoar quem não tem culpa dos meus problemas.

Alguns amigos estão me julgando, dizendo que tenho "coração de pedra", que estou "me achando demais", que vou perder as oportunidades que a vida está me oferecendo. Talvez eu esteja tudo isso. Mas até eu conseguir evitar fazer com as outras pessoas as coisas que sempre repudiei que fizessem comigo, fico nessa.

Sou eu sem libido, sem vontade, sem alma. Até me reencontrar ou encontrar alguém que faça eu me reencontrar.

[Meta do mês: gastar o mínimo possível com boites. Já que não "fico" com ninguém, vou começar a dançar no meu próprio quarto. Se os amigos não quiserem, paciência, né?]

segunda-feira, 25 de junho de 2012

Evoluindo

No meu processo de cura da tristeza tenho atentado a mim mesmo, pois creio que só me conhecendo posso dar um jeito nesse sofrimento. Entretanto, tenho observado outras pessoas que sofrem dores parecidas e comparando as diferenças nas maneiras com as quais cada um lida com essas dores. Vou começar citando alguns exemplos, considerando estas três pessoas:

Pessoa A - do sexo masculino, depressivo. Imprevisível e paternal.
Pessoa B - do sexo feminino, aparentemente forte emocionalmente. Independente e racional.
Pessoa C - do sexo masculino, beirando à bipolaridade. Intempestivo e de pavio curto.

Lembrando que essas características são as que eu, como indivíduo que convive com essas pessoas, enxerga, podendo não corresponder à realidade de outros olhos.

Pois bem. Aconteceu algo parecido com os três: derrubaram algo de vidro, cheio de um líquido difícil de ser removido, na noite de um dia estressante, logo antes da realização de um jantar planejado há dias. Por "realização de um jantar" entende-se que cada uma das pessoas havia planejado cozinhar para família e/ou conhecidos na noite citada. Veja como cada um reagiu:

Pessoa A - paralisado, afastou-se um pouco do líquido e dos cacos de vidro. Colocou uma música bem alta nos fones de ouvido. "Respirou" por 10 minutos antes de começar a limpar. Chorou um pouco achando que aquilo era só mais um sinal de que tudo, de alguma forma, sempre dava errado em sua vida. Limpou tudo e em 20 minutos já tinha esquecido o ocorrido, mas não sem antes fazer uma pequena autoterapia.

Pessoa B - paralisada, começou a rir para esconder a raiva que sentia. Afastou-se e limpou tudo com uma clara impaciência estampada no rosto, pensando em desistir de tudo o que planejou e ir dormir. Desenvolveu uma enxaqueca devido ao estresse repentino. Desistiu dos planos e foi escutar rock no quarto. Dormiu.

Pessoa C - assim que percebeu o desastre, exclamou 90% dos palavrões existentes na língua portuguesa. Limpou tudo e, ainda xingando, desistiu dos planos. Esqueceu-se do acontecido em 30 minutos conversando com a namorada no telefone. Dormiu estressado não por causa do ocorrido, mas devido a uma pequena discussão com a namorada.

A diferença entre eles ficou clara? A Pessoa A é a mais depressiva, obviamente, porém foi a única que conseguiu seguir adiante com os planos. A Pessoa B, apesar de ter ficado um pouco irritada, não chorou nem esboçou ódio verbal, mas seguiu com o rancor e desistiu dos planos. Já a Pessoa C, desistiu dos planos não pelo rancor, mas porque possivelmente não havia mais interesse.

Mesmo sendo mais dramática e chorando, a Pessoa A continuou com os planos. Por quê? Simples: apesar das outras duas parecerem sentimentalmente mais estáveis, não estão acostumadas a serem contrariadas abrupta e veementemente. O melhor remédio, segundo seus próprios pensamentos, é desistir de tudo e esperar que o amanhã seja melhor ou achar alguma coisa que lhes dê o prazer necessário para "rebalancear" o dia. O prazer, no caso, seria a desistência do trabalho de cozinhar. Já a Pessoa A, "acostumada" com acontecimentos ruins e dias apáticos, lidou com a situação como se fosse algo normal, cotidiano e simples. Até interpretou o ocorrido como mais uma prova de que sua vida é um desastre em si.

Analisando por esse ângulo, quem estaria mais apto a lidar com adversidades negativas? Quem conseguiria suportar esse tipo de contrariedade com um comportamento mais brando?

Muita gente fala que felicidade é o que nos dá força e que pessoas depressivas são fracas e dignas de pena. Apesar do drama e do choro, acho que pessoas depressivas são mais fortes. Elas sofrem dessa tristeza  constante tentando resolver uma situação emocional, tentando lidar com esse mundo que é feito mais de injúrias que de alegrias. Os felizes, mesmo vivenciando infelicidades, continuam felizes devido ao fato de ignorarem as coisas ruins e se focarem nas boas, na maioria das vezes. E pra onde vai a evolução, o crescimento emocional, a sabedoria de vida? É nesse ponto que se encaixa a lenda de que os mais bobos são mais felizes.

Veja, não quis dizer que toda pessoa feliz é um poço de ignorância nos saberes da vida. Só mostrei o que consegui analisar (e o que me parece certo depois de observar várias situações e várias pessoas, não me limitando somente às descritas).

Resumindo, o objetivo do texto é concluir que o sofrimento traz força e sabedoria. Elas se misturam (força e sabedoria) e criam uma "casca" emocional que se fortalece cada vez mais a cada processo de aceitação.

É isso.

[O líquido é azeite. A-Z-E-I-T-E. Poxa, poderia ter sido qualquer coisa, mas foi AZEITE. Bolado.]

domingo, 17 de junho de 2012

Julgamento

"Quando eu era mais jovem acreditava que a paixão deve diminuir com a idade, como uma xícara deixada numa sala gradualmente deixará seu conteúdo evaporar-se no ar. Mas quando o Presidente e eu voltamos a meu apartamento bebemos um ao outro com tanto desejo e necessidade que depois eu me senti esvaziada de todas as coisas que ele tirara de mim e repleta de todas as coisas que eu tomara dele. Caí num sono profundo e sonhei que estava num banquete em Gion, falando com um homem idoso que me explicava que sua esposa, de quem ele gostava muito, não estava realmente morta, porque o prazer do tempo que tinham passado juntos vivia nele. Enquanto ele dizia essas palavras bebia uma tigela da mais extraordinária sopa que jamais tomara. Cada golinho era uma espécie de êxtase. Comecei a sentir que todas as pessoas que jamais conheci, que tinham morrido ou já não estavam comigo, realmente não haviam partido mas continuavam a viver dentro de mim como a esposa daquele homem vivia nele. (...) A sopa era feita de tudo o que jamais me importara na vida; e enquanto eu a sorvia, aquele homem dizia suas palavras dentro do meu coração. Despertei com lágrimas correndo pelas têmporas, e peguei a mão do Presidente com medo de não poder mais viver sem ele quando ele morresse ou me deixasse. (...) Mas quando ele morreu, alguns meses depois, compreendi que no fim de sua longa vida me deixara tão naturalmente como as folhas caem das árvores.

Não posso lhe dizer o que nos guia nesta vida. (...) Tudo era como uma torrente que cai sobre penhascos rochosos antes de chegar ao oceano. Mesmo agora que ele se foi, eu ainda o tenho, na riqueza de minhas memórias. E contando-as a você, eu tenho novamente a minha vida.

(...) Mas agora sei que nosso mundo não é mais permanente do que uma onda subindo no oceano. Quaisquer que sejam as nossas lutas e triunfos, qualquer que seja o modo como os experimentamos, em breve todos fundem-se numa coisa só, como a tinta aguada de uma aquarela num papel."

Trecho do livro Memórias de uma gueixa de Arthur Golden, tradução de Lya Luft.

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Recomendo a leitura desse livro. Emocionou-me bastante.

Estou numa fase de leitura e mais leitura. Animes e mais animes. Essa greve me deu muito tempo pra ler e pensar. Á medida que vou lendo, absorvendo cada linha, minhas conclusões vão divergindo, quando na verdade deveriam, como há um tempo pensava, convergir pra um estado de sabedoria "final" por assim dizer. Quanto mais leio, menos sei. Quanto mais leio, menos julgo. Quanto mais eu leio, menos certeza de mim mesmo eu tenho.

Não consigo mais ter uma opinião formada sobre muita coisa. Gostaria que fosse sobre tudo. Cada dia que passa eu moldo-me, mudo meus pensamentos, transmuto, reflito sobre minhas atitudes e suas consequências para as pessoas que participam da minha vida, mesmo que por breves segundos. Isso não quer dizer que acerto nas escolhas. Isso leva tempo. E como! Quando saio com meus amigos eu falo o que me vem à cabeça quase automaticamente, quando se trata de opiniões e assuntos puramente pessoais e sem consequências que atinjam outros que não a mim mesmo. Porém, tenho pensado (até demais) antes de dizer cada palavra. "Você é muito 'na sua', às vezes. De uma pessoa expansiva, transforma-se em alguém quieto e pensativo quase que automaticamente. Depois volta ao normal. Isso me assusta." Essa declaração foi dita a mim e é verdadeira. De praxe, refleti bastante.

Tem muita gente entrando e saindo da minha vida. Algumas saem tão rápido como entraram (a maioria por escolha minha). Parece que estou "descartando" quem não me interessa, mas não é a verdade. Quando um laço é feito, ele jamais é desfeito. Entretanto, à medida que o tempo passa, o laço vai ficando mais e mais forte, até chegar ao ponto onde você deve se unir permanentemente a esse laço. Caso contrário, você não conseguirá desfazê-lo normalmente e terá de usar métodos que provavelmente danificarão tal laço. Imagine um laço real, daquele que você faz na sacola que leva frutas para a escola. Se você o deixa frouxo, mesmo que dando um laço duplo, facilmente conseguirá desfazê-lo, ainda que a sacolinha fique enrugada. Você poderá utilizar essa sacola outras vezes, talvez para o mesmo propósito, talvez não. Isso depende de você e do estado em que ela ficou depois de ser usada. Porém, quando se quer ter a segurança de que as frutas não vão sair acidentalmente, é necessário que o laço seja forte. Dessa maneira, você tem a certeza de manter tudo o que levou dentro da sacola, mas, caso queira retirar seu conteúdo, terá que utilizar uma faca, pois não conseguirá desfazer os nós pelos métodos normais. E o estado da sacola? Praticamente inutilizável.

Essa analogia foi idiota, mas creio que explicou bem o ponto em que eu quero chegar: quanto antes o laço for abrandado (pois não pode ser desfeito), menos consequências ele trará para ambos os lados. Isso não é "descartar" alguém. Isso significa que eu quero evitar qualquer tipo de rixa futura (o que é quase impossível, pelo que tenho percebido ultimamente), não fortalecendo meus laços com pessoas que não me interessam. Soa mesquinho e tem um tom de descaso, mas é a melhor opção. Eu não tenho culpa de não ter me encantado por alguém a ponto de ter um relacionamento amaroso ou uma amizade. Aquele feeling vem ao acaso, não é uma escolha. Você não escolhe de quem gosta e muito menos de quem vai ser amigo, pelo menos teoricamente. Então, não é justo culpar a mim por não gostar de você (nem é justo que eu culpe você por não gostar de mim). Se não funcionou, ou funcionou mal, o mais fácil e menos doloroso é abandonar o barco, sem ressentimentos, entender as obras do acaso e seguir o fluxo contínuo. Você tem todo o direito de se lamentar por Fulano não ter gostado de você, pelo seu namoro com Ciclano ter acabo ou por Beltrano não ser um amigo tão fiel quanto você esperava; mas você tem a obrigação de não cobrar de Fulano, Ciclano ou Beltrano qualquer tipo de comportamento. Nem você se comporta como gostaria de se comportar!

"Ah, mas assim você pode estar jogando uma oportunidade de construir um amor verdadeiro, vencendo barreiras blá blá blá blá ~vomitei~." Não, não estou jogando a oportunidade fora. Não estou dizendo que deixar o "laço abrandado" seja algo a se fazer como atitude eterna. Posso falar "não" e me arrepender três dias depois. E não, isso não é falsidade, isso é reflexão. "Você disse que jamais se envolveria com Fulano. Agora está aí, com o seu nome na lista." Jamais é uma palavra que jamais deveria existir. Assim como seu sinônimo mais próximo, o nunca. Nunca e jamais só são aplicadas em frases do tipo "Nunca direi nunca." ou "Jamais direi jamais." e, mesmo assim, com certeza, elas serão ditas. São figuras de linguagem. Eu (e qualquer outra pessoa) tenho o direito de repensar qualquer atitude que eu tome e, inclusive, voltar atrás caso seja necessário. Isso não é falsidade. Falsidade é outra coisa.

Como disse  Arthur Golden, "(...) nosso mundo não é mais permanente do que uma onda subindo no oceano." Enxergue as escolhas das pessoas que passam pela sua vida sem usar olhos de "maldade". Muitas vezes as escolhas são somente um método de autoproteção; outras vezes, creio que a minoria, podem ser escolhas maldosas só para te ferir; mas na maioria das vezes, são somente o retrato do caminho escolhido, sem qualquer tipo de segundas ou terceiras intenções, somente a primeira: a felicidade. 

Não julgue e não tenha uma opinião formada. Tudo muda, tudo evolui, tudo involui, tudo se mescla no final, como se tudo fosse feito do mesmo material, "(...) como a tinta aguada de uma aquarela num papel."



quarta-feira, 23 de maio de 2012

Sofrimento homeopático

Eu não entendo. Quando eu tenho total convicção de que tudo acabou, de que superar é um verbo obsoleto, vejo-me escutando músicas melodramáticas. Elas me fazem esquecer todo o rancor e só sentir saudade... uma saudade boa.

Isso evolui para um sentimento de culpa. Talvez tenha sido minha culpa? Não, com certeza. Sim, com certeza. Certeza?

Querendo ou não, acabou. E é bom sentir essa saudade boa (triste, mas boa). Lembrar os melhores momentos, esquecer os ruins e, como os católicos costumeiramente fazem, negar a si mesmo e santificar o outro.

Santo, às vezes eu falo com Deus só por sua causa. Volto a acreditar nele por sua causa. Mas aí me lembro de que santos são lembranças boas. E me pego falando sozinho. Aliás, falando comigo mesmo. Com minha saudade.

terça-feira, 15 de maio de 2012

Pior inimigo

Eu.

Estou cansado de ser um humano.

Estou cansado de não atender às expectativas.

Estou cansado de tentar ser forte.

Estou cansado de fazer coisas que não gosto.

Estou cansado de querer ser algo e não conseguir.

Estou cansado de não ter força de vontade (como antes).

Estou cansado.

E, pra variar um pouco, triste.

Entretanto, isso não diz respeito a ninguém a não ser a mim mesmo. Enfrento sozinho, mas às vezes tenho que parar pra descansar e acabo reclamando.

Não deveria reclamar.

Deveria lutar.

Mas estou cansado.

Quem sabe daqui a dois minutos, no auge da minha bipolaridade, não tenho um ímpeto de selvageria e enfrento a vida irracionalmente? Quem sabe daqui a duas horas? Amanhã? Semana que vem? Ano que vem?

É. Realmente.

Sabe... eu costumava seguir sem me cansar. Horas envolvido com o mesmo projeto (de vida).

O que houve?
Onde foi que me perdi?

Eu quero voltar a ser o que era: incansável.

Acho que só eu posso me ajudar.

E se não me ajudo, estou me atrapalhando. E se sou o único que não ajuda (por ser o único que pode me ajudar), sou o único a me atrapalhar. E se me atrapalho, sou meu próprio inimigo. E se sou meu único inimigo, sou meu melhor e pior (inimigo).

Eu, tire-me daqui! Flua pela quarta dimensão e traga a essência do meu eu do passado. Torne-me eu novamente. Não desista, lutando contra mim. Lute, por mim.

Eu! Levante-se porra! Seja humano novamente! Suja super novamente! Faça os olhos de outrem brilharem de orgulho como o fizeram em outros tempos.

"Estou tentando..."

Consiga, ou declararei guerra a mim mesmo.

quinta-feira, 10 de maio de 2012

Matematizando

Faz um bom tempo que estou mantendo minha mente ocupada o bastante pra não pensar em nada que me faça triste, tirando, é claro, minha contínua e infalível capacidade de falhar miseravelmente nos assuntos acadêmicos. Entretanto, isso não é um problema intelectual, mas sim, emocional. Para curar tanta preguiça e descaso, só tentando reviver o antigo George do ensino médio, reviver os sonhos e objetivos que foram subjugados pelas desilusões emocionais cotidianas.

Estou me vendo apaixonado pela filosofia e pela física. Não me pergunte o porquê, nem muito menos de onde tirei essa paixão que, pressupõe-se, deveria existir desde os tempos remotos da infância. Comecei a me reciclar, a seguir novamente um objetivo, a abandonar os vícios, pouco a pouco.

Só espero que dê tempo de me consertar a tempo de consertar meu semestre na faculdade.

Ah, Lucas, presta atenção: só quem deve ler, lerá, beleza?

E sim, estou feliz, muito, depois de um açaí envolvendo as três pessoas mais importantes da minha vida, depois, é claro, dos meus próprios familiares.

[Galileu, y so saborousous?]

terça-feira, 1 de maio de 2012

Esquecendo?

Não se lembrar é sinônimo de esquecer?

Acabei esquecendo e só me dei conta agora. Talvez não tenha sido tão importante assim. Ou foi e a importância se diluiu em níveis homeopáticos. Vai saber.

Acabei me lembrando de um outro alguém, ao qual fiz tanto mal quanto me fizeram. Talvez seja o destino me golpeando com sua adaga da justiça. O fluxo de energia tentando nivelar o desequilíbrio. Talvez eu esteja sofrendo pra compensar o sofrimento que provoquei.

No final, uma foto vale mais que mil cartinhas, sejam elas de punho ou digitadas.

Foto não mente. E não deixa algo cair em esquecimento.

[Tarde normal, senso de organização brilhando, mexidinha na gaveta, fotos pulam no meu rosto, lá estava. Acho que saudade sem sofrimento é a verdadeira saudade. Saudade com sofrimento, é só sofrimento.]

terça-feira, 24 de abril de 2012

Brincando de normalidade

Meu celular está existindo unicamente pra visualizar meu Gmail, Instagram, Facebook e Twitter, além de escrever aqui, claro. Uma ou duas vezes por semana recebo uma ligação de minha mãe. Uma ou duas vezes por semana recebo a ligação de pessoas aleatórias perguntando coisas que, até hoje não entendo, não tenho a menor ideia do que sejam.

A rotina está bastante corrida. Aliás, muito corrida. Talvez por isso eu, quase sempre, tenho não pensado. Sem querer. Acordo atrasado, às vezes tomo uma xícara de café e como duas fatias de pão de forma integral com queijo. Saio correndo, muitas vezes sem tempo pro banho. Chego na faculdade com o desânimo típico de um veterano destruído de cansaço e preguiça, já que meu curso não é nem de perto aquilo que sonhava. Daí aparecem minhas alegrias: meus amigos. Falo merda. Xingo. Abraço. Fico louco na frente deles. Falo mal de tudo e de todos. E a única coisa que eles tem a dizer é: "Vamos, converse com a gente, o que você tem a dizer?" Às vezes não quero dizer nada, só quero ficar ali, com eles. Quieto, observando o que eles fazem, o que eles dizem. Pouco me importa o que pensam de mim. Aliás, importa sim, sempre tento melhorar pra continuar ao lado deles. Mas aí a realidade chama, o relógio acusa quarenta minutos de atraso, perco a chamada, vou pra aula, faço o check-in no Foursquare. Tento prestar atenção, mas tudo parece tão chato e vazio. Aula quase acabando, vou ver meus amigos de novo, rir de novo, esquecer o vazio, de novo. Por dez longos e deleitosos minutos.

Hora do almoço! Vão almoçar comigo? Não... ok, então. Daí chega a tarde, chega a noite, chega a hora de dormir. Tudo passa tão devagar e, mesmo assim, não tenho a mínima vontade de fazer o que deveria fazer: obrigações acadêmicas e obrigações pessoais. Minha agenda vai se transformar em um mausoléu de projeções e sonhos. E é assim que minha vida continua, dia após dia.

"Você desistiu dos seus sonhos?" Eu diria que não há um tempo atrás, quando ainda tinha aquele fogo de vontade dentro de mim. Não sei mais... Lidar com frustração requer um nível de maturidade que descobri não ter ainda. É claro que estou tentando e, entenda-se por frustração não só a frustração no amor, mas a frustração na família, nos estudos, no trabalho, pessoais. Eu, mais do que nunca, tenho tratado cada pequena desgraça da minha vida com uma ironia e um humor que ainda não consegui achar alguém que faça o mesmo ou que pelo menos torne isso visível. Mas estou começando a saturar. Aliás, acho que estou terminando de saturar.

"Puxa, que cara carente!" Nada a declarar, se carente estiver com um sentido pejorativo aqui. Porém, no sentido de necessidade, sim, sou carente. Como diria Raquel de Queiroz: "A gente nasce e morre só. E talvez por isso mesmo é que se precisa tanto de viver acompanhado."

O que está me mantendo, não diria intacto, mas forte o suficiente, são meus amigos. Mas e quando eles se afastarem e tudo for by my own? "Acharás outros amigos, não se preocupe." Não estou certo disso.

É bem certo que as pessoas vem e vão, assim como os amigos. E é bem certo que estou escrevendo esse texto todo cheio de melodramas pra chegar ao assunto central somente agora. Hoje eu pensei. Pensei e pensei e pensei e pensei. Não quero mais pensar. Cansei de tentar achar uma ordem, uma lei, uma regra, uma receita pros fenômenos da minha vida, cansei de Rubem Alves, cansei de platonismo, cansei. Não quero saber o porquê mais, só quero conseguir aceitar. Quero meu misticismo de volta. Cansei de ser racional, pois dói, ao contrário do que muita gente pensa. Ser racional me faz chorar, me faz querer entender coisas que só me fazem mal e, ao tentar entender, me sinto mais mal ainda. Foda-se a racionalidade. Quero acreditar em um novo deus, de preferência nos moldes pré-socráticos. Um não, em vários deuses. Quero me sentir rodeado de seres com poderes sobrenaturais que podem resolver cada uma das minhas frustrações separadamente. Porque eu mesmo não quero resolvê-las. Tomara que se explodam.

Hoje eu pensei, quebrando toda a normalidade da minha vida fútil. Agora sei que o normal só é um vidro fumê que tenta esconder toda a verdade, tudo o que há de inacabado dentro de cada um. Pensei, me frustrei. Pensei, pensei, para de pensar!

E eis que a pergunta demoníaca pulou, gritou, deu-me um soco com tudo no meio da minha racionalidade: POR QUÊ?! Não! Não vou responder! Não tenho que responder! Não sei responder! Não quero saber responder! Dói, não faz isso racionalismo desumano! Eu ainda não cresci pra suportar essa pergunta! Eu ainda não cresci. Forçaram meu crescimento, não fui eu, eu juro.

Apesar de tudo, amanhã a brincadeira recomeça. Hoje os brinquedos não estavam lá pra me manter ocupado, mas amanhã eles estarão. Não vou precisar pensar, que bom! Vou voltar a brincar de normalidade. Até que o dia 30 de abril chegue e eu tenha que pensar novamente, não porque quero, mas porque o racionalismo vai me jogar a obrigação da superação bem no meu colo. Vai me forçar a crescer. E crescer dói.


[O que a procrastinação não nos força a escrever, né?]

quarta-feira, 18 de abril de 2012

Digo, mas não faço.

Daí você se pega apegado ao que não deveria se apegar. Foge do que deveria abraçar e faz aquilo que não deveria fazer. Ingênuo, fugindo do que deveria ser, do que deveria se focar, do que realmente lhe trará algo de bom nessa vida curta e, muitas vezes, ingrata. Mas ingrata por quê? Ingrata justamente pelo fato de fugir do que deveria enfrentar. Vá, pega e se apega àquilo que te faz feliz. Esqueça essa conjectura de pudores sociais, esqueça que tem que agradar seus pais, esqueça que tem que agradar qualquer ser que não a si mesmo. Porque assim, os novos amigos serão os certos amigos, o apegado será o verdadeiro e os pais, ah, os pais, esses vão se apegar de vez (e como nunca) àquilo que deveriam se apegar. Apegue-se a si mesmo.

domingo, 15 de abril de 2012

Levando

Muito divertida a vida de solteiro. Na realidade, divertida e devassa. Sem amarras, sem obrigações, sem alguém pra se preocupar, menos problemas! Confesso que estou adorando.

Mas daí chega o domingo a tarde, alguém posta uma música no Facebook, você escuta, as substâncias cerebrais fazem sua parte, várias imagens começam a correr na sua cabeça como um documentário, outras, nem tão verdadeiras, mostram seu desejo como um filme de ficção. Você tenta afastar, mas é tão bom relembrar, é tão bom sentir, nem que seja por imagens... E você chora.

15 minutinhos de choro, porque depois chega um amigo legal no chat e faz uma piada épica. Você ganha a noite sendo acalentado pela amizade, por piadas, zoações a respeito de coisas aparentemente sérias da vida, joga conversa fora, ri da desgraça (sua e alheia), e fica preocupado porque sua vida está passando cada vez mais rápida e seus sonhos ainda não foram alcançados ou estão tão longe quanto Betelgeuse.

Queria ter um sofá bem vermelho de camurça, Chesterfield, pra poder ir e voltar no tempo quando fosse necessário. Na verdade, acho que só queria voltar uma vez no tempo. Resolveria. De vez.

segunda-feira, 9 de abril de 2012

Dificuldade


[Se você estiver interessado em se aproximar um pouco do que eu estava pensando ao escrever o texto, coloque o vídeo pra rodar enquanto lê o texto.]

Eu tenho tentado de todas as maneiras possíveis apagar da minha cabeça o que houve. Mas minha condição humana não aceita esse fim. Não aceita essa decepção. Não aceita ter se transformado em um nada, do nada. Simplesmente não aceita essa morte semântica, emocional, temporal, existencial. Essa semana é só a segunda semana que eu inicio sem alguém do meu lado, alguém que eu realmente amasse. Duas semanas pra quem sempre teve a quem amar por quase sete anos consecutivos (incluindo dois relacionamentos) é um desespero.

Estou gastando toda a minha serotonina pra apagar essa chama de tristeza que me faz querer chorar de duas a três vezes ao dia. Mas, infelizmente, não se compra serotonina em lojas de departamento e a minha é limitada. Eu preciso me curar logo, é tudo o que eu sei. Se eu não fizer isso logo, não sei o que vai ser de mim, dos meus estudos, da minha vida em si. Infelizmente, minha vida, de modo geral, é fortemente ligada à minha condição emocional. Ou seja, se minha condição é uma merda, minha vida é uma merda.

Eu não quero fazer pose, não quero parecer idiota, não quero ser mais um emocore pro pessoal sair por aí falando mal por não ter mais o que fazer. Afinal, nunca liguei pro que as outras pessoas pensam a respeito de mim e não vai ser agora que isso vai mudar. Mas vou escrever, escrever, escrever, o quanto for preciso, pra poder me curar. Mesmo que eu pareça ridículo. Mesmo que eu pareça fraco. Mesmo que eu pareça o que você achar que eu pareça. Estou tentando me curar. Se fosse fácil, eu não teria esse blog, eu estaria terminando meu TCC neste momento ao invés de escrever coisas que não vão acrescentar algo na minha vida profissional. Eu preciso disso.

Procuro ler textos de psicologia, tentando fortalecer minha parte racional. Dia após dia estou trancando minha parte emocional num canto muito obscuro do meu coração, pois pretendo lidar com ela depois. Mas os uivos de dor dessa parte estão me contaminando e, de vez em quando, deixo ela sair pra passear e acabo desabando. Tão logo quanto solto, tenho que prendê-la novamente para que o estrago não seja tão evidente nem pra mim, nem para os outros que convivem comigo. Estou ficando seco, amargo, cada dia mais e mais... Não vejo graça em mais ninguém, piadas não fazem mais sentido, sonhos destruídos ou até pulverizados, impossibilitando-os de serem reconstruídos.

Sabe o que mais dói? Você termina um relacionamento e, se ainda gosta da pessoa, fica feliz por ela estar se dando bem na vida, conseguindo alguém novo, legal, melhor que você (ou pior, mas que a faça mais feliz), ou você até se transforma em algum tipo de amigo, só pra mantê-la do seu lado por um pouco mais de tempo... Talvez anos... Meses... Dias... Até segundos são aceitáveis. Quando, do contrário, o relacionamento termina e todo o fluxo de informação sobre a pessoa é cortado, você se sente fraco e idiota quando a stalkea. O orgulho próprio faz de tudo pra evaporar, mas sua parte racional o impede. É como se a pessoa tivesse morrido. Morte prematura de quem você chegou a amar de uma maneira ímpar, única, incondicional nas condições mínimas. Imagina só alguém de sua família, justamente aquela pessoa que você tem um carinho imenso, sua mãe por exemplo, morre, mas continua a caminhar livremente pelo mundo. Às vezes você se encontra com ela na rua, mas ela está em outro plano, não te enxerga, não te conhece, não lembra de você. Sua mãe, cara! Passando do seu lado e te ignorando completamente. É assim que eu me sinto.

Acho desnecessário. Acho infantil. Acho o que eu quiser achar. Mas eu sei que isso não vai fazer diferença, pois, mesmo por meio deste texto, por meio de posts em Facebook, Twitter, Instagram ou outra rede social, ou até informações cedidas por amigos, eu sei que jamais conseguirei tocar o coração dessa pessoa novamente. Não por falta de vontade, mas porque ela se encontra em outro plano. Morreu. Ignora completamente a minha existência. Ignora o passado. Ignora tudo. Jogou tudo pra debaixo do tapete, como eu sempre dizia. Sou um mísero pó, uma sujeira estocada no porão daquele coração complexo. Ou, vai saber, nem lá mais estou.

Preciso me reencontrar, jogar uma corda, um bote. Estou me afogando e não quero me transformar em uma pessoa rancorosa e de mal com a vida, pois eu nasci pra vencer. Nasci pra me divertir. Nasci pra realizar meus sonhos (e de outras pessoas). Nasci pra amar.

[...]