segunda-feira, 9 de abril de 2012

Dificuldade


[Se você estiver interessado em se aproximar um pouco do que eu estava pensando ao escrever o texto, coloque o vídeo pra rodar enquanto lê o texto.]

Eu tenho tentado de todas as maneiras possíveis apagar da minha cabeça o que houve. Mas minha condição humana não aceita esse fim. Não aceita essa decepção. Não aceita ter se transformado em um nada, do nada. Simplesmente não aceita essa morte semântica, emocional, temporal, existencial. Essa semana é só a segunda semana que eu inicio sem alguém do meu lado, alguém que eu realmente amasse. Duas semanas pra quem sempre teve a quem amar por quase sete anos consecutivos (incluindo dois relacionamentos) é um desespero.

Estou gastando toda a minha serotonina pra apagar essa chama de tristeza que me faz querer chorar de duas a três vezes ao dia. Mas, infelizmente, não se compra serotonina em lojas de departamento e a minha é limitada. Eu preciso me curar logo, é tudo o que eu sei. Se eu não fizer isso logo, não sei o que vai ser de mim, dos meus estudos, da minha vida em si. Infelizmente, minha vida, de modo geral, é fortemente ligada à minha condição emocional. Ou seja, se minha condição é uma merda, minha vida é uma merda.

Eu não quero fazer pose, não quero parecer idiota, não quero ser mais um emocore pro pessoal sair por aí falando mal por não ter mais o que fazer. Afinal, nunca liguei pro que as outras pessoas pensam a respeito de mim e não vai ser agora que isso vai mudar. Mas vou escrever, escrever, escrever, o quanto for preciso, pra poder me curar. Mesmo que eu pareça ridículo. Mesmo que eu pareça fraco. Mesmo que eu pareça o que você achar que eu pareça. Estou tentando me curar. Se fosse fácil, eu não teria esse blog, eu estaria terminando meu TCC neste momento ao invés de escrever coisas que não vão acrescentar algo na minha vida profissional. Eu preciso disso.

Procuro ler textos de psicologia, tentando fortalecer minha parte racional. Dia após dia estou trancando minha parte emocional num canto muito obscuro do meu coração, pois pretendo lidar com ela depois. Mas os uivos de dor dessa parte estão me contaminando e, de vez em quando, deixo ela sair pra passear e acabo desabando. Tão logo quanto solto, tenho que prendê-la novamente para que o estrago não seja tão evidente nem pra mim, nem para os outros que convivem comigo. Estou ficando seco, amargo, cada dia mais e mais... Não vejo graça em mais ninguém, piadas não fazem mais sentido, sonhos destruídos ou até pulverizados, impossibilitando-os de serem reconstruídos.

Sabe o que mais dói? Você termina um relacionamento e, se ainda gosta da pessoa, fica feliz por ela estar se dando bem na vida, conseguindo alguém novo, legal, melhor que você (ou pior, mas que a faça mais feliz), ou você até se transforma em algum tipo de amigo, só pra mantê-la do seu lado por um pouco mais de tempo... Talvez anos... Meses... Dias... Até segundos são aceitáveis. Quando, do contrário, o relacionamento termina e todo o fluxo de informação sobre a pessoa é cortado, você se sente fraco e idiota quando a stalkea. O orgulho próprio faz de tudo pra evaporar, mas sua parte racional o impede. É como se a pessoa tivesse morrido. Morte prematura de quem você chegou a amar de uma maneira ímpar, única, incondicional nas condições mínimas. Imagina só alguém de sua família, justamente aquela pessoa que você tem um carinho imenso, sua mãe por exemplo, morre, mas continua a caminhar livremente pelo mundo. Às vezes você se encontra com ela na rua, mas ela está em outro plano, não te enxerga, não te conhece, não lembra de você. Sua mãe, cara! Passando do seu lado e te ignorando completamente. É assim que eu me sinto.

Acho desnecessário. Acho infantil. Acho o que eu quiser achar. Mas eu sei que isso não vai fazer diferença, pois, mesmo por meio deste texto, por meio de posts em Facebook, Twitter, Instagram ou outra rede social, ou até informações cedidas por amigos, eu sei que jamais conseguirei tocar o coração dessa pessoa novamente. Não por falta de vontade, mas porque ela se encontra em outro plano. Morreu. Ignora completamente a minha existência. Ignora o passado. Ignora tudo. Jogou tudo pra debaixo do tapete, como eu sempre dizia. Sou um mísero pó, uma sujeira estocada no porão daquele coração complexo. Ou, vai saber, nem lá mais estou.

Preciso me reencontrar, jogar uma corda, um bote. Estou me afogando e não quero me transformar em uma pessoa rancorosa e de mal com a vida, pois eu nasci pra vencer. Nasci pra me divertir. Nasci pra realizar meus sonhos (e de outras pessoas). Nasci pra amar.

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