quinta-feira, 29 de março de 2012

Poliamor

Hoje me deparei com esse vídeo: http://vimeo.com/23988620.

Isso me deixou um pouco perturbado. Não pelo fato da sociedade considerar o poliamor algo errado, mas pelo fato de existirem pessoas que consegue conviver dessa maneira sem problemas. Eu não diria que nunca conseguiria, mas acho muito difícil dividir alguém. Dividir um amor bate de frente com tudo o que a cultura inseriu no meu cérebro sobre relacionamentos, lealdade e coisas assim. Eu tenho ciúmes dos meus objetos pessoais, quanto mais de pessoas que amo.

Mas um argumento no vídeo me chamou a atenção: "Como você consegue amar seus pais igualmente?" Poxa, eu não amo meus pais igualmente. Um deles eu amo mais que o outro. Assim como os pais, em algum momento, perceberão que amam mais um filho do que outro. É essa diferença, por mais pequena que seja, que, na minha opinião, insere a exclusividade em relacionamentos amorosos. Você nunca vai conseguir amar duas pessoas igualmente. Você pode deixar de amar uma para amar outra, mas amar com igual intensidade, creio eu que jamais acontecerá.

Então, porque as pessoas estão aderindo ao poliamor? Hoje, agora, com a idade que eu tenho, considerando minha opinião e pouca vivência, diria que é porque não estão dispostas a se sacrificar pela pessoa que amam (a top love, digamos assim) e se dão ao luxo de ter mais alguém (ou mais alguéns) na vida amorosa. Não que eu esteja criticando, longe de mim, afinal, cada um tem sua maneira de ver as coisas, sua maneira de viver, seus objetivos. A vida é só uma e acho que cada um faz o que mais lhe fizer feliz. Mas digo que eu não conseguiria com a mente (talvez pequena?) que possuo agora.

Enfim, só um post de opinião. Discussão aberta! :)

quarta-feira, 28 de março de 2012

Lembrança e faxina

Lembrança. Sim, hoje me lembrei. Infelizmente, hoje me lembrei. Não porque eu quisesse. Fui meio que obrigado. Escondi você debaixo do tapete mais insignificante da casa, talvez o do porão, onde já é tão sujo que um tapete é mero capricho. Ó! Sim, mero capricho. Tentei ignorar os acontecimentos, as coisas que jamais vou entender, meus próprios sentimentos. Não tentei esquecer, pois como já disse, nunca conseguirei. Mas tentei, com todo o afinco, não me lembrar de você. Fui obrigado.

Essa lembrança desatou o ponto infeccionado do meu coração. Acho que jamais vai se curar, a não que eu encontre um antibiótico humano. Por que eu me lembrei? Apareceu alguém maravilhoso, perfeito, compatível, totalmente nos moldes da pessoa ideal pra ficar comigo e, como era de se esperar desse ser imaculado, foi sincero. Ao extremo. Como gosto. Levei um tiro a queima roupa. Creio que o antigo ambiente me fez querer jogar as coisas pra debaixo do tapete, como eu observava que sempre era feito. Doce ilusão. Tão sublime que nem percebi tamanha idiotice! Desde quando sujeira debaixo do tapete desaparece?

Sujeira, pra sumir, tem que ser entendida. Se é uma poeirinha, passa um paninho e lava com água que passa. Vai manchar o pano, mas ele ficará limpo e livre de germes. Se é um vinho em pano branco, aí a coisa é mais séria. Precisa de vinagre, água sanitária e Vanish. Fica mais manchado que o pano anterior, mas pelo menos estará livre de germes e branco o suficiente pra aguentar outra rodada. Se é graxa, aí sim, a coisa pesa. Serão necessárias várias lavagens, vários produtos, sabão em pó e, ao final do processo, o pano vai estar muito debilitado. Entretanto, apesar de seco, ainda é um pano. É tudo questão de se usar o amaciante correto para torná-lo utilizável novamente.

Tirei a graxa debaixo do tapete e vou limpá-la para o meu bem, para o bem dos meus amigos e dos meus futuros relacionamentos. Aceitei que a mancha vai demorar, o meu sabão/amaciante está ciente de que talvez nem saia, mas creio que ele não irá descansar, assim como eu também não. Já estou bastante debilitado por usar produtos errados, sofrendo com o mau uso. Com as lembranças, veio a graxa.
Comecei a perder meu próprio caminho, o que acredito, pra poder ignorar. Mas não mais. Onde eu estava com a cabeça? Já enfrentei tanta coisa e nunca precisei ignorar. Pelo contrário: sempre resolvi como um homem, pois o sou. Não homem sexo, homem humano. Decidi enfrentar, levantar a cabeça, ser "ser humano", deixar de me esconder. Está na hora de superar e tentar ser feliz nesse meio tempo, como diria Lana Del Rey.

Bem-vindo sabão. Almejante. Amaciante. Espero estar limpo pra você o mais rápido possível. Mas se não der, ambos estaremos orgulhosos de nós mesmos por não tentarmos transformar essa situação em mera poeira debaixo do tapete. Lembranças, sim. Lembranças boas. Lembranças sem culpa. Lembranças sem medo. Lembranças gostosas, daquelas que nos fazem rir em plena segunda feira de verão no metrô lotado. Lembranças, simples, únicas, somente.

[A fase da tentativa de ignorar os problemas me fez ficar sem inspiração pra tudo, por isso um texto novo demorou tanto pra ser publicado. Escrevi em 15 minutos. Mais uma reviravolta. Mais um recomeço. Como deve sempre ser. Obrigado, sr. senhor, por me abrir os olhos e me lembrar de que ignorar não resolve problema algum e não afeta somente a mim.]