terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

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Ah... os bastidores. Você fica lá, tem um papel importantíssimo! Cuida de tudo, desde o fundamental aos detalhes mais ínfimos. Dá o sangue pelo que acredita. Lustra o brilho de outros corpos.
Enfim, é como um engrenagem: importantíssima para o funcionamento de um sistema mecânico, mas com atributos e história totalmente desconhecidos por quem não está diretamente envolvido nos projetos iniciais. Eita trabalho ingrato o de engrenagem, viu! Trabalha, sua, desgasta, tenta não dilatar, não esquentar e... para que mesmo? Ah sim, para agradar somente às engrenagens vizinhas. "Aposto que nem o motor sabe meu nome, aquele ingrato!", diria uma pequena engrenagem. Mas também, quem gostaria de saber o nome de algo que está ali só pra ajudar às vizinhas? Talvez fosse dispensável. Mas as vizinhas sabem que ela não o é. Elas sabem que a engrenagenzinha existe para conectá-las, torná-las felizes e se completarem. Extremamente insubstituível! "Não fique triste, o que importa é que nós te amamos e valorizamos!", diriam as vizinhas da pequena engrenagem. Mas ó, do fundo do coração, essas amigas tem vergonha da pequena engrenagem. Todos sabem do seu potencial, mas, por ser tão pequena, não merece ser conhecida. Então, para o motor, a engrenagenzinha é conhecida como "uma engrenagem amiga nossa". Soa melhor. Soa menos vergonhoso. Evita complicações. Dilacera a alma da pequena e tão importante pecinha.

Ah... os bastidores. Acho que nasci pra brilhar.

[...]

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Emaranhado

Tem momentos que o coração não se entende. Digo "se", pois já me cansei de tentar entender. Chorar de felicidade? Poxa. Só chora porque parece irreal e dá medo. Imagine que aquele (aquele) momento simplesmente para de se repetir, ou, ainda pior, seja tão único e inacreditável que, realmente, infelizmente e, quissá, "teimosamente", será único. Felicidade foi criada pra ser um pico nesse gráfico trepidante da vida, mas um pico excêntrico, daqueles que a lei do menor esforço, também conhecida como o "acaso", faz questão de atenuar o mais rápido possível. Talvez daí venha o choro (de felicidade) que, rápido e rasteiro, é nada mais do que a depressão promovida pela veemente ação do acaso.

Mas ó, hoje, abracei por dois minutinhos a pessoa mais importante da minha vida. Foram os dois minutos mais longos. E olha que eu acredito piamente na linearidade temporal. Não sei se o que parou foi o tempo, o ambiente ou meu coração. Só sei que pensei em nada, preocupei com nada, quis nada, mas senti tudo. Talvez por isso, pelo êxtase provocado por essa onda intensa de serotonina, por todo o tempo de espera e luta, por cada sorriso, cada tapinha, cada lágrima, cada segundo, parecia tão inacreditável. E a intensidade foi tanta que, mesmo tentando me lembrar desse lapso na história do universo, chorei um tempão no metrô a caminho de casa, nessa noite inóspita. Chorei. De felicidade.

[Seja feliz, meu filho. Chore.]