terça-feira, 14 de agosto de 2012

Não é doença nem obsessão, no fundo, bem lá no fundo

No fundo, bem lá no fundo, eu espero uma quinta-feira a tarde pra te encontrar. Sentir aquele friozinho de susto na barriga ao te ver depois de tanto tempo. Começar a tremer, ficar com as mãos geladas e suadas, corar. Apertar o maxilar como se estivesse tentando arrancar todos os dentes com a própria força. Aquela falta de ar que teima em inflar, mesmo que de mentirinha, a minha cabeça. Aquela explosão de raiva, rancor, decepção, alegria, emoção, carinho, inveja, saudade, beleza, amor.

Não me importaria se tudo desse errado, se você só virasse sua cara, tentando fazer de conta que eu não existo. No fundo, bem lá no fundo, eu sei que você sentirá os mesmos efeitos. Talvez a gente só passe um pelo outro, evitando trocar olhares, e nunca mais nos veríamos de novo. Talvez nossos olhares se encontrem, fazendo com que amaldiçoemos a nós mesmos por tamanha besteira. Talvez eu te veja e você não me veja. Talvez eu não te veja e você me veja. Talvez você esteja acompanhando. Talvez eu esteja acompanhado. Mas, com certeza, toda a certeza, você e eu sentiremos, por meros segundos, tudo aquilo que já sentimos um dia. Um dia não, vários dias. Será tão intenso que eu (e você), ao invés de se alegrar com tal sentimento, ficarei amedrontado e fugirei dali. Fugirei da última vez que te verei. Mas, pra mim, vai ser o suficiente pra reviver toda a memória, colocar meu coração pra bater de novo, minhas lágrimas pra jorrarem, minhas mãos pra tremerem.

Fugirei, pois, só assim, mergulhado nesse lago de desilusão e incerteza, de amor incondicional e de rancor amanteigado, poderei manter sua memória pra sempre no meu coração.