domingo, 12 de agosto de 2012

Let's put some color...


Sentada na penumbra daquele corredor deserto uma garota -aquela estranha e de cabelos coloridos- admirava a chuva. Não havia sol a lá fora a água banhava as árvores balançadas pelo vento com um barulho sublime e ensurdecedor. 
O céu estava cinza, ela o adorava dessa forma. Mas talvez só gostasse tanto por que ironicamente, quanto mais cores ela encontrava, mais seu coração parecia estar em preto e
branco...ou sépia, vai saber.
É bem verdade que essa garota é o contraste em pessoa. Razão e sentimento, teoremas e poesias, equilíbrio e extremismo eram dualidades sempre presentes naquela cabeça. Mas ultimamente ela achava tudo morno...justo ela que era sempre tão intensa, há muito não sentia o coração disparar, nunca mais tinha chorado, suas paixões não eram como antes e sexo era apenas sexo. Embalada pelo barulho hipnótico da chuva perguntou-se quando havia ficado tão fria, perguntou-se o por quê de tudo lhe parecer tão apagado.
Resolveu que aquilo era demais, até mesmo para ela. Queria borboletas no estômago e um pouco de selvageria, queria paixões que a arrastassem para a insanidade, para que ela pudesse contar como havia sido. Da vida resolveu que sugaria até a última gota. Da luxúria arrancaria todos os gritos, queria perder o fôlego e se agarraria a isso com unhas e dentes.
Tomou a sábia decisão de recolorir seus dias, redecorar sua vida com toda purpurina que tinha direito. A liberdade é irrestível demais uma vez que se experimenta... Feito isso, respirou fundo, clareou a mente e se jogou de cabeça no mundo que se abria diante dela.