domingo, 22 de dezembro de 2013

Dias vazios

Nesses dias vazios
Onde não existe eu ou você
Onde o barulho das carrocerias e vidraças
Das buzinas e carcaças
Mortas de amor
Porque hei de passar
E repassar
E regurgitar
E mastigar
Num ciclo de ciclos sem fim
Um dia vazio é um dia cheio
Pra quem tem um coração
Ligado ao lóbulo direito
Desses pensamentos loucos
Eu gostaria de dizer
Apenas que não vejo um porquê
Entre tantos e tantos porquês
De estar sofrendo virtualmente
Sofre por dentro sorri por fora
Nesse teatro boçal
Não culpo a sociedade
Não culpo você
Culpo a mim mesmo pois sou livre
Desse teatro só sobra minha vontade
Louca e desvairada
De continuar sofrendo eternamente
Como se isso lhe trouxesse de volta
Como se meu sofrimento tocasse
Abraçasse e pedisse perdão
Por nada
Há de haver o dia do reencontro
E, involuído como sou,
Ficarei em silêncio olhando
As lágrimas escorrendo
Pelo lado de dentro das pálpebras da alma
Seja você o que quiser
Seja eu o que vier
Hemos de nos reencontrar
Naquele instante
Em que os olhares se trocam
Os teus olhos serão meus
E meus olhos serão teus
Um momento em que o coração pára
A morte momentânea
Tudo passa pelos olhos
Naquela fração de sopro sem vida
Acordo
Desvio
Sigo
Continuo morto

domingo, 15 de dezembro de 2013

Agora

Hoje é um dia único. Mas não no sentido de ser diferente. É o dia em que eu descobri que sim, o tempo faz coisas sensacionais. Demorou. Pareceu que nunca passaria. Na verdade, ainda não passou completamente, mas renovo minhas esperanças de que o pouco que ainda resta há de passar. Você foi uma página fantástica da minha vida, da qual jamais irei me esquecer. Da qual faço questão de não esquecer. Se eu pudesse voltar atrás, não voltaria. Tenho a firmeza de dizer isso agora. Tudo o que houve colaborou para o que sou hoje e para o que proponho daqui para frente. O coração dói muito ainda, choro bastante, até sem saber muito o porquê, às vezes. Mas eu tenho a convicção de que é tempo de renovar meus sentimentos e dar aquele amor que você não quis a outra pessoa. E essa pessoa tem muito a aprender comigo (e eu com ela).

Vou evitar os erros do passado e aprender com os novos que irei cometer. Mas tudo na mais singela harmonia e paz.

Chega de pesar o coração. Eu te amo e sempre vou te amar, mesmo que separados. Espero que você encontre alguém que te mereça e saiba lidar contigo melhor do que eu. E, claro, e acima de tudo, que te faça tão feliz que você só se lembre da gente com pensamentos bons de uma experiência única. E inesquecível.

domingo, 8 de dezembro de 2013

Pro futuro

Hoje algo diferente aconteceu. Queria deixar escrito em algum lugar que meu coração estremeceu. Não sei se me curei, mas foi o que me pareceu. Finalmente, acho que consegui deixar de ser seu. Eu sei que eu disse que não conseguiria fazer como você, que facilmente me esqueceu. Acho que o futuro sorriu pra mim e agora chega de rima, pois eu peguei as rédeas, é tudo meu.

<3

sábado, 30 de novembro de 2013

Saudade de novo

Eu mal posso ver as letras que digito. Meus olhos estão cheio de água,  deixando minha visão turva, imitando um pouco da minha vida. Eu não minto, nunca menti: sinto tua falta. E a sinto de um jeito que pareço morrer a cada momento que relembro seu sorriso. Eu me culpo, acho que é algo comum quando não se quer perder alguém. A negação de que o culpado é dois em favor de um. Não somos mais um. Queria que fôssemos, como planejei. Mas as diferenças eram maiores e não aguentamos a pressão. Acho que nessa vida será difícil ter você novamente. Vou aguardar até a próxima, pois não consigo me envolver com outro alguém. Já tentei, com todas as forças, acredite. Não dá. Simplesmente.

Queria que pudéssemos ser um. Não novamente, mas pela primeira vez. E de uma vez. E pra sempre.

Engraçado, serei sempre seu.

terça-feira, 19 de novembro de 2013

Saudade

seu rosto é uma luz vibrante
borrada
minha mente teima
mas os olhos internos
como sentir com olhos
se meu peito arde
esse rio transbordando
tentando apagar esse fogo
como é triste se queimar
como é elegante sofrer
com esse sorriso estampado
sorrindo e sorrindo
nada de mau
tudo de sublime
cada flash um sorriso
cada imagem um ardor
cada segundo uma saudade
aquele amor realmente
não quer se esconder
aquele amor é esse
esse
este
mais vivo que nunca
confirmado
eterno
alguém traz de volta
ou apaga minha saudade
meu eu

lutando para viver

terça-feira, 27 de agosto de 2013

Desistir

Desistir é uma palavra forte, pelo menos pra mim. Pra um obstinado, eloquente, decidido, é quase um atestado de incompetência, de desamor, de desilusão de si mesmo. Eu desisto porque não fui bom o suficiente, porque não planejei o suficiente, não dei tudo o que podia pelo meu objetivo. Será? Que objetivo é esse? Durante a vida mudamos de objetivos o tempo todo, adequando-os aos caminhos que ela toma. Alguns deixam de fazer sentido. Outros começam a fazer mais mal que bem. Acredito que apenas nesses dois casos a desistência faz um pouco de sentido. Eu desisto porque estou cansado. Não é uma causa nobre e, nem de longe, correta, mas, ainda assim, estou cansado.

[Tudo por causa de mais um semestre na faculdade. Ó, vida.]

sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Acredito

congelado no templo
concepções regridem na vontade
as dores não mais redondas
a garganta musculosa
impotência perene
finjo de guerreiro
acredito
morro

terça-feira, 16 de julho de 2013

Mudanças

Acreditar em mudanças é que nem acreditar em Papai Noel: tem sempre uma data pra chegar, promete sempre trazer vários presentes e coisas boas, mas nunca vem. Porque não existe. E isso nem é algo ruim. Ruim mesmo é o tempo que se leva pra entender. Ou pra tentar entender e nunca conseguir.

Hoje, por exemplo, eu mudei uma coisa em mim: comecei a fingir que mudei. E não diga que não é uma tentativa válida! Às vezes, fingi-se tanto e com tanta naturalidade que, um dia, do nada, algo realmente parece mudar, por força dos hábitos.

Do fundo do poço dá pra ver as moedas mais de perto, aquelas que todo mundo costuma jogar pedindo mudanças, nem que seja mentalmente. Aí, você se toca que se jogou lá, não pra se livrar de si mesmo, mas apostando tudo por uma mudança. É tanta moeda, é tanto pedido, mas você foi mais longe, jogou seu corpo, seu eu, foi com tudo, de cabeça.

Descobri que as moedas não se movem e que ninguém as recolhe. Eu me movo, mas ninguém vai me recolher. Vou pegar essas moedas todas pra mim e sair daqui, rápido. Desculpem-me aqueles que esperam por milagres, eu também espero, mas Papai Noel não vem. Tô pegando minhas esperanças de volta e dividindo entre as coisas certas (ou aparentemente certas).

segunda-feira, 1 de julho de 2013

Poema sem sentido

Meu egoísmo
está fora de controle
Meu altruísmo
só me causa dores
Não sei se rio
não sei se mar
Não sei se choro
não sei se oro
seria tu meu eu
seria eu teu ele
aquele ele não tu
aquele ele deles

De tantos pensamentos
muitos perdidos
recuperados
De tantos pensamentos
muitos solitários
amargurados
Eu escolhi aquele lá
rondando minha indignidade
esfalecendo o eu não tu

Eu sou errado, culpado
em não te amar como amo a mim
pois se dessa façanha eu provasse
já teríamos chegado ao fim

Meu amor é doentio
celebra a própria derrota
se embebeda na lama
se sufoca na própria chama
se enche com o doce vazio

Olha tu pro meu eu
esse eu tão seu
esse eu que não sou eu
esse eu que é tu
pega tu e seja o eu
assim como o eu é tu
e ama como se esses dois
fossem um só
como se pra sempre
fosse simples e gostoso
como um pão-de-ló




quarta-feira, 26 de junho de 2013

Árvore

Cada gotinha de orvalho
que aquela plantinha singela
conseguiu segurar após a chuva
pra nutrir sua mazela
escorreu.

Escorreu
e caiu na terra,
no meio daquela guerra
a plantinha cresceu
floresceu
ficou forte
mesmo que aquilo
fosse contra sua sorte.

Florescida e crescida
suas flores reluziam
brilhavam e encantavam
muitas flores
flores demais.

As flores
tornaram-se indesejadas
não totalmente
não pacificamente
foram cortadas
não todas
mas muitas
sempre que o sufoco
fazia o seu trabalho
era necessário
aquele entalho.

Até que na claridade
de uma tarde
a proeza
feita com certeza
extinguiu as flores
e sem elas
começaram as dores.
A árvore sofria
enquanto o povo ria
a árvore minguava
enquanto o povo suava
a árvore chorava
enquanto ninguém
a regava.

Seca e sem flores
que à natureza
foram oferecidas
e pela natureza
foram extinguidas
a árvore sucumbiu.
De toda a sua
vitalidade e humildade
apenas um galho
totalmente intacto
sobrou de lembrança.

O que manteria
aquele pequeno galho
tão conservado
tão vívido?
O galho, afinal
era um presente
da falecida árvore
deixado a quem
as flores cortou.

Ora, pois
que árvore boba
deixar de presente
o que era indesejado!
Ninguém via, porém
que aquele galho
teria algo especial
a mais bela das flores
a única forma de gratidão
que a árvore poderia
com toda a sua limitação
deixar de lembrança.

Mas como poderia
alguém notar
esse presente simples
e tão poderoso?
A pergunta de quem
deveria ser de alguém.
O galho também
se foi para o além.

segunda-feira, 24 de junho de 2013

Não sei

Hoje foi o dia mais vazio da minha vida.

Hoje foi o dia mais falso da minha vida.

Hoje foi o dia mais rancoroso da minha vida.

Hoje foi o dia mais nulo da minha vida.

E não é porque algo de terrível tenha acontecido. Não. O que é terrível são esses meses de acúmulo de tristezas, decepções, mentiras e falsidades.

Se fossem de pessoas aleatórias, tudo bem, já estou acostumado à falta de caráter alheia.

Mas o meu amor não consegue mais. Machuca mais do que alegra. Irrita mais do que faz sorrir.

Acho que o brilho se foi.

Acho que acabou.

Eu estou sofrendo mais do que nunca.

Queria voltar no tempo e parar aquele beijo. Eu sabia que tinha algo errado.

Sempre soube, mas nada fiz.

Nada vou fazer.

Quero ser pulverizado e renascer. Cansei dessa vida.

quinta-feira, 13 de junho de 2013

Um cão e eu, por exemplo.

Todo mundo espera algo de alguém. Eu, por exemplo, espero que você, anônimo, leia este texto, mas não espero que goste. Aqui eu também sou anônimo, não tenho os laços à mostra para serem formados. Ou seja, não tenho nenhuma expectativa que você aprecie, apenas leia. Assim, eu provo minha existência e comprovo minha ineficiência.

Viver esperando migalhas é um nível muito avançado da falta de amor próprio. Você passa a dar seu máximo em troca de algum sinalzinho de amor, alguma gratidão, um sorriso, uma ligação, um SMS, qualquer tipo de reação que leve o outro a lhe procurar. É um máximo, o topo da cadeia amorosa. Aquelas ações dignas de "fazer das tripas coração". Mas, quase sempre, você se vê frustrado. O máximo que você recebe é um "ownnnn" ou um "que lindo!", como se você não soubesse que o mínimo é ser fofo e lindo, pelo menos sentimentalmente. Alguns chamam esse ato heroico, de se doar sem limites, de gentileza, outros chamam de amor, alguns chamam de burrice. Acho que é uma mescla, mas ultimamente tenho acreditado que o lado da burrice é o mais "esperto", pois se esconde, falseia-se em amor. Eu, por exemplo, sou burro.

Há um ponto ótimo da burrice: aquele em que você se sente feliz com um "bom dia!". Se estiver nesse nível, caro leitor, parabéns, você provavelmente conseguirá sentir na alma as minhas palavras. Viver de restos, como aquele cão de rua à espera de carne sem utilidade na porta de um açougue de esquina (grifo no termo esquina, simbolizando, sim, que esse teu amado não é lá essas coisas) e, claro, ficando feliz com qualquer lixo que venha a ser jogado. Vamos falar de lixo. Qual lixo você leu hoje? Ou escutou, ou ganhou? Eu, por exemplo, ganhei uma letra de música batida e sem sentimento, um grande presente a se dar no dia dos namorados.

Mas o mais legal, voltando à história do cão, é que o mesmo, bobinho como sempre, viciado nos lixos que tanto acalentam seu espírito carente e necessitado de atenção, passa a montar guarda na porta do açougue. Cuida bem da entrada, das pessoas que ali vão e, principalmente, do açougueiro. Ah! O açougueiro! Como ele é perfeito! Ele tem tanto jeito com as carnes, um prodígio! Então o cão, apaixonado pelo seu açougueiro, dá o seu melhor: seu tempo, sua atenção, seu amor. É claro que o ser humano não vai fazer algo muito distante disso. Eu, por exemplo, costumo tomar repetências na faculdade.

Passado o ponto ótimo, temos a fase do "cair na real". O cão olha para o lado, vê a vendedora de pipoca com bacon. Não é uma carne, mas tem bacon, parece delicioso. Mas, melhor não, trocar sua carne, tão suculenta, diga-se de passagem, com a ironia ligada, já avisando aos Sheldon's de plantão, por uma coisa nova e exótica, ah... melhor não. Do outro lado da esquina, o padeiro, seus pães com peperoni (e que peperoni, tamanho gigante!), mas que parecem tão inalcançáveis... Novamente, melhor não. Olhando para o outro lado, o cão encontra uma criança feliz e saltitante, oferecendo biscoitos aos cães e gatos. Parece que todos os animais o amam, pois é muito gentil, mas, ao mesmo tempo, nenhum animal fica ali por ele, montando guarda. Que estranho... Tem tantos animais, mas, ao mesmo tempo, não tem nenhum. Deve ser uma péssima troca, melhor não. Mas... essas carnes... são tão diferentes das carnes que aquele pessoal está conseguindo do meu açougueiro. O que houve? Desde quando as carnes deles tem que ser melhor que a minha? Não deveria ser o contrário? Afinal de contas, EU sou o cão dele, não aqueles humanos! Eles estão pagando... mas eu pago com meu amor, meu tempo, como pode algo valer mais que isso? O cão, então, começa a repensar aquela situação. Seria mesmo uma boa situação? Ver tanta gente bem tratada e ele, o que deveria ser bem tratado, recebendo restos de seu açougueiro tão amado? Eu, por exemplo, odeio a igreja.

O açougueiro, acostumado com seu cãozinho todos os dias em sua porta, nota que ele não apareceu. O que poderia ter acontecido? Eu até gosto daquele cão, pensa. Procura ele, oferece um pedaço de carne decente, esperando que ele volte, esperando que a confiança se restabeleça e, sim, funciona! O cão volta todo saltitante e sorridente! Pronto, está feito, posso voltar a entregar os restos novamente. Pobre cão, iludido, com o coração duplamente partido, vê que tudo não passou de um mal entendido. Uma tentativa idiota e sem sentido de mantê-lo prisioneiro por tão pouco. Eu, por exemplo, fico triste quando falam "eu te amo".

Os próximos capítulos da história do pequeno cãozinho e do açougueiro ainda serão escritas. Não consigo visualizá-los (ou tenho medo de visualizá-los). Eu, por exemplo, espero que o cão seja adotado e levado para casa, tenha um banho decente, uma casinha dentro de casa, carnes, não todo dia, mas algumas poucas de boa qualidade, e bastante carinho do dono. Será que exagerei?

segunda-feira, 10 de junho de 2013

Iminência

Muita gente diz que não sabe o que é estar apaixonado, o que é sofrer por alguém, o que é ter alguém para se preocupar e compartilhar alegrias e tristezas, não necessariamente nessa ordem e nem contemplando todas as perspectivas simultaneamente. Por isso, decidi retratar o sentimento de um romântico extremista em algumas linhas, numa situação bem específica: a iminência da dúvida.

O coração, para começo de conversa, não está apaziguado. Na verdade, um coração apaziguado e apaixonado, se é que essa combinação exista neste universo, nada mais é do que o semblante falso da tranquilidade que marcara o turbilhão de emoções que rondam cada hemácia do seu sangue. Apaziguado é uma condição externa, jamais interna.

Seu amor (o amado) se torna estranho, sai do padrão. Assim acompanha seu coração. A cada pequeno rancor não explicado, a cada atitude incompreendida, a cada pequeno ignorar, uma adaga atravessa seu peito. Você até imagina o sangue saindo do seu coração, mas escorrendo pelos olhos. Um bolo se forma na garganta e não sai. Não sai enquanto o padrão não retornar ou as coisas se "resolverem".

Você começa a se cansar de sangrar e parte para o ataque. Primeiramente, e claro, sem nenhum tom de criatividade, usa as mesmas armas. Faz jorrar sangue no outro. Falseia uma felicidade. Mas o bolo aumenta, o sangue tirado no coração do amado, na verdade, é retirado em dobro do seu. Você jogou a adaga, mas a outra mão enfiou uma lança em si mesmo, como penitência por ter machucado algo tão amado e querido.

A coisa vai ficando insustentável. Você não consegue mais trabalhar direito. Não se concentra. Não estuda. Pega o primeiro livro que vê pela frente e lê em duas ou quatro horas. Fica uma noite sem dormir. Falta aos compromissos, pois ficar na cama tentando engolir o bolo na garganta, que, a essa altura do campeonato, já tem seu tamanho triplicado, faz você se sentir menos culpado.

Mas, poxa, pare aí! Você é mesmo o culpado? Quem começou com isso tudo? Isso não está certo. Você precisa se impor, não recue. Mostre quem é o manda-chuva. Mostre quem está certo. O bolo quadruplica, o coração já está quase pedindo ajuda. Desespero.

Não me importa mais quem está errado, que se dane! Eu quero melhorar, eu quero sentir tudo o que sentia de novo. Ou, se assim for a escolha da pessoa mais importante em sua vida, afastar-se para sempre. Talvez seja melhor... Afinal, vocês não foram feitos um para o outro, como ele (o amado) mesmo disse.

- Encontre-me naquele local, vamos resolver tudo. Uma tentativa. Uma resposta. Uma idiotice. Seu coração está feliz, foi só uma idiotice. Nada vai acabar, aparentemente. Mas, e se acabar? Ei!, pare com isso. Não, você precisa estar preparado. Não pode se dar ao prestígio de chorar em público! Ok, preparemos-nos. Eu e meu coração. Uma noite a mais em claro não vai ser tão ruim. Amanhã tudo se resolverá, seja para o bem (o meu bem), seja para o mal (o meu mal).

Nesse ponto chegamos à iminência. Daqui para frente existem apenas terras desconhecidas. Todo o universo se prepara. Afinal de contas, é de iminências que vidas inteiras são tecidas pelas Parcas na tapeçaria do destino. Cada linha é uma decisão. Cada cor, uma emoção. Cada movimento, um sentimento.

Espero que dê tudo certo.

domingo, 9 de junho de 2013

Livros


Eu me emociono com livros. Livros realmente são legais. Vários ensinamentos, viagens, teorias, coisas bonitas, amores, religiosidade. Aquela coisa conceitual, tudo bem fundamentado e, muitas vezes, funcionando perfeitamente, principalmente em meio àquelas linhas de puro conhecimento.

Mas infelizmente meus livros não perguntam como foi meu dia, não me dão um chocolate em um dia difícil, não me procuram quando devem, não me dão um carinho, não respondem aos meus questionamentos. Nenhum beijinho sequer. Ficam lá, com aquela cara de papel, com a mesma ladainha. Cada livro com sua ladainha.

Tem muita gente que deveria ter nascido livro. Ficar estático com suas próprias opiniões e conceituações e esquecer que, na prática, a teoria é distorcida por "ad hoc's", é coisa de livro. É muita teoria pra mim. A vida é uma massa que pouca gente ousa botar a mão pra valer. E não falo de se dedicar a alguma profissão ou vencer a preguiça. É fazer o necessário quando se é necessário.

Mas, no fim de tudo, talvez seja melhor ser um livro, viver no meu mundo, nas minhas teorias, esquecer a evolução dos tempos (ou talvez ser a própria). Nunca vi um livro chorar. Talvez valha a pena.

domingo, 28 de abril de 2013

Quando estiver triste

"quando estiver triste procure uma coisa que vc goste de fazer e faça muito muito até se esquecer da tristeza, a coisa que gosto de fazer é limpar minha casa, esqueço que estou cansada, das pessoas mas que convivo, da falta de vcs e esqueço pelo ao menos enquanto estou trabalhando" (sic).

Não sei se resolveria.

domingo, 7 de abril de 2013

Não por mim

Se não parecesse tão forçado, eu diria que eu estou bem. Se não fosse livremente declarado por mim e não por você mesmo, eu diria que estou bem. Eu queria ver o que acontece por você. O que é feito por você. Não por mim. Colocar a desculpa de uma conversa mal iniciada em minha necessidade de manter um contato frequente, não, eu não posso carregar isso. Se não quer, não precisa fazer isso por mim. Não faça por mim. Queria que fosse por você. Queria que fosse espontâneo.

Taí uma dúvida que vou ter por um bom tempo.



"The problem was she had a little black book and my name was written on every page"

domingo, 24 de março de 2013

Nomes

Você já reparou que palavras tem poderes? Que nomes próprios são os deuses no mundo das palavras? Nomear um filho é uma tarefa árdua, ou pelo menos deveria ser. Olhar a carinha do moleque (ou moleca), ver se tem carinha de triste ou carinha feliz, se tem um ar de safado ou bem tímido, se vai ser artista ou engenheiro, gay ou machão, amoroso ou autista. Perceber cada detalhe do rostinho, a altura, a cor da pele, o cabelo... Você deve estar pensando "Por quê, raios, você está falando isso? Eu nunca vou conseguir dar o nome a alguma coisa reparando cada detalhe dessa forma! Eu dou o nome e pronto!". Mas é um engano seu. Você sempre faz isso, mesmo que não perceba. E, por mais que pareça uma luz momentânea e totalmente aleatória, a ideia de um nome é construída por cada detalhe. Como se fosse algo místico, herdado dos seus antepassados. Eles, sim, sabiam o significado dos nomes e sua força.

Diga-me: conhece algum Ravel que não seja ou adore música?; alguma Maria que não seja uma mãezona (no sentido amoroso e não no sentido familiar, que varia com a época e a sociedade)?; algum José que não luta com todas as suas forças pelos seus amores?; algum Pedro que não seja prático e amigo? Pense na personalidade de cada pessoa que você conhece razoavelmente ou a fundo. Compare com pessoas recém conhecidas com o mesmo nome. Veja as semelhanças e as diferenças. Compare com mais pessoas com o mesmo nome. Você pode pensar que é coincidência e tem todo o direito, se assim desejar.

Os humanos são seres fantásticos.

Eu amo um Gabriel. Gabriel costuma ser relacionado ao anjo citado na Bíblia e, de acordo com ela, é o anjo dos anjos. Todo Gabriel que eu conheço parece um malabarista, consegue fazer tudo aquilo que deve fazer, do jeito que se deve fazer, no tempo que se deve fazer, pra quem se deve fazer. É um servidor nato. Mas um servidor do alto escalão, pois consegue coordenar exércitos de milhões de pessoas ou de uma pessoa só. É íntegro, faz e pronto, não tem meias palavras. Se lhe agrada, agradecido. Se não lhe agrada, em silêncio. Coordena tudo mentalmente, faz acontecer. Mas não consegue se envolver. Workaholic por natureza. Eu amo um Gabriel e que coisa difícil de se fazer. Ou você aceita, ou você sai fora.

Um Gabriel entrou na minha vida, um anjo e tanto, com espada e tudo! Suas palavras são sua espada. Eu tenho um Gabriel que não sabe o poder das palavras, não tem um lado muito artístico e emocional. Usa e abusa, mas não sabe o que faz. Às vezes não sabe usá-las e me acerta, sangra um pouco, mas tudo bem, anjos são anjos.

Eu fui machucado por um Gabriel. Mas, como eu disse, eu amo um Gabriel.

Ah, meu nome é José. Estranho, né?

Humilhação

Sabendo do amor foi lá e amou. Sabendo da paixão foi lá e se apaixonou. Porque humilha quem tanto lhe quer. Porque faz de sua visão de mundo uma bagunça de explicações infundadas. Porque mesmo diante do desespero daquele que se diz "pra vida inteira" é indiferente. Sabendo o que é respeito foi lá e respeitou. Não com todas, mas à sua maneira peculiar. Se vê espelhado e diferenciado entre milhões de iguais. Como se espelhar fosse uma maneira de ser conceitualmente diferente e de negar o próprio âmago doentio. Sabendo o que era força foi lá e usou-a na garganta. Gritou para o mundo e o submundo seu amor distorcido. Face a face com o desespero da paixão, continuou com a força de seu caráter, berrou para anjos e santos a verdadeira concepção do inconcebível. Ao som da música serena de Deus, ignorou o racional e quase perdeu seu sentimental. Um morto a tremular em uma noite onde castelos inteiros foram destruídos com uma expressão e reinos foram massacrados pelo desdém público do amor dito verdadeiro. O mundo completamente contorcido da mente amante inescrupulosa. Do outro lado a dúvida sobre o pior momento da vida. Seria aquilo uma pequena prova da bondade de seu príncipe encantado? Transformaria-se tal intensidade em um fato corriqueiro numa vida a dois? O rio nasceu e escorreu pelas maçãs já coradas naquela altura. Não foi possível segurar o sangue da ferida recém aberta. Não és tão forte como pensavas, isso não é novidade. Precisaria de um hospital, clínicos, doutores, mas se contenta em cuidar da catástrofe com seus próprios curativos, talvez inúteis. Será curado pela fé. Fé no amor.

A humilhação do amor é a travessia do orgulho pro outro mundo. Mas o orgulho costuma ser uma parte viva e operante do organismo e, sem ele, fica um vazio pra se preencher, se curar.

Não se humilha quem se ama.

quarta-feira, 20 de março de 2013

Tô Fugindo

e se eu lhe disser
que você não me faz feliz
que tudo passou de uma ilusão
uma emoção
um sonho criado e alimentado por mim?
quando se ama
não se ama a pessoa certa
se ama a pessoa perigosa
aquela que te faz querer morrer
mas você não liga
morre e renasce.
mas e se eu me cansar de renascer?
se eu me cansar de tentar o impossível
uma platonice sem sentido
se eu quiser encarar a realidade
a pura verdade
o osso da coisa
o que seria de nós?
eu aceitaria, finalmente,
que contos de fadas não existem?
ou desistiria de tudo
e procuraria uma felicidade mais constante?
viver de migalhas é até legal por um tempo.
você exercita sua humildade
mas cansa.
já aprendi a parte altruísta da coisa.
queria ver o desespero em seus olhos
aquele que eu costumava sentir
com tanta frequência
aquele que dá vontade de pegar no colo
mas que você nunca ousou pegar
aquele que joga o mundo pro alto
pra tentar salvar outro mundo
agarrar com força
chorar
se desesperar
gritar
e se arrepender.
eu te amo
me ame assim.
não me deixe fugir.

domingo, 3 de março de 2013

Não entendo

eu não entendo
eu não entendo
eu não entendo
eu não entendo
eu mudaria cada célula
cada fluxo
cada pensamento
cada percepção
cada pinta de lugar
cada mania de matar
meus desejos obscuros
meus inventos mais maduros
a hora de acordar
a hora de dormir
a hora de comer
a roupa
a falta de roupa
minha caneca preferida
aquela certeza dividida
eu mudaria meu mundo
eu mudaria minha alma
minha calma
meu trauma
a palma
da minha mão
fazendo as linhas do destino
colidirem naquele fino
futuro que eu tanto sonhei pra nós
eu não entendo
eu não entendo
eu não entendo
eu não entendo

por que não podes ser assim
por que não podes se envolver
por que não podes se mesclar
porque não queres

domingo, 27 de janeiro de 2013

Medo

Acho que o medo de perder o companheiro é uma coisa comum nos relacionamentos, né. Eu tenho medo de te perder. Na verdade, é o maior medo que possuo atualmente. Não porque estou na iminência de, mas porque você é a coisa mais importante que tenho. Eu poderia completar com um "no momento", mas não, isso não é momentâneo. Entretanto, acho que você não pensa bem assim, não é? Quer dizer, você não acredita tanto assim em coisas eternas, apesar de ser tão religioso e acreditar em vida eterna. As fantasias humanas são sem sentido e, acreditar em um amor eterno, para mim, é uma prova de quase incondicionalidade desse sentimento. Mesmo que não o seja. Entende? É como se, para você, aquilo seja uma situação eterna, um pedaço de ti. Mas, racionalmente, não o é. Eu me empalideço quando, por mais engraçado ou insignificante que pareça, você exibe a parte racional da coisa. Apesar dessa minha carapaça que teima em dizer que adora ver a carne crua, nua, sem pele, cortada na hora, ainda sangrando, por dentro, vomito ao ver um mínimo fio de sangue. É assim com a verdade, a racionalidade. Eu tremo todo com o simples sibilar da frase "nem os grandes amores duram para sempre." e suas variações. Não é como se durasse, mas, hoje, duraria. E continuaria durando em um "para sempre" irracional dentro do período racional. Pode ser minha parte emocional, incontrolável como sempre, falando mais alto. Eu me pego sorrindo para o nada lembrando das doces palavras de amor, das juras, inéditas nesta altura do campeonato, com um choro engasgado, uma espécie de incredulidade que me arranca a sanidade. Acho que é felicidade, acho que é amor, acho que é você. Mas isso aumenta meu medo. Se acontecer de novo, talvez dessa vez não seja tão difícil como foi naqueles seis meses. Talvez seja impossível. Talvez eu devesse desistir de tudo, entende? Nada fará o mínimo sentido se o "para sempre" se quebrar; se a incerteza certa provar sua essência diante dos meus olhos. É por isso que tenho tanto medo. Perdendo você, eu me perco. Se você deixar de existir em minha vida, eu deixo de existir no mundo. Vou ser uma alma vazia vagando eternamente, procurando por você, provavelmente nos locais errados para evitar que sua vida se torne como a minha, propositalmente; imaginando se, algum dia, numa tarde de sábado, sentado em uma praça florida, em um dia bem nublado, sozinho, nulo, zero, você chegasse silenciosamente, sentasse do meu lado, encostasse sua cabeça no meu ombro e o tempo congelasse. Pra sempre.

De bobeira

A chuva cai
e me distrai
saudade que não vai
vontade que não sai
odiando aquele bye
essa lágrima que me trai
uma dor sem ai
saia da minha cabeça agora.

domingo, 20 de janeiro de 2013

Eu mesmo

Como você ousa jogar tanto álcool e tacar fogo? Eu estava bem comigo mesmo, sabia? Eu estava muito bem com tudo isso! Eu estava conseguindo mudar, do jeito que eu sempre quis, fazer tudo do jeito que eu sempre quis, valorizar meus sentimentos acima de tudo! Você não entende o quanto você é importante pra mim? Não entende, meu caro? Já é tempo! Eu ESCOLHI aceitar toda e qualquer consequência pra ficar contigo! É tão difícil assim lidar com isso? Eu sei que ser amado é muito difícil, é tão ingrato como amar, mas eu não estou pedindo que você me ame da maneira como eu te amo. Eu já entendi essa parte, eu já entendi tudo. Só não entendi o porquê desse show de horrores que você teima em me apresentar.

Hoje eu pensei que minha vida estava próxima da perfeição, da minha perfeição, e, de repente, com pouquíssimas palavras, você destrói minha máscara, joga tudo o que eu tenho feito na vala da falsidade, diz que não estou sendo eu mesmo. Eu me dissolvi por você, eu me refiz por você, eu sou outra pessoa por mim.

Até ontem eu era um suco turvo, hoje eu me solidifiquei e agora eu virei cinzas.

Mas vou me reconstruir, como sempre faço.

segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Orvalho de amor

estou aqui parado
olhando sua foto
de vez em quando eu penso
"o que de errado há comigo
o que de errado há contigo
o que de errado há?"
coloco essa brisa
pra ver se ela leva
esse peso de algodão
mas peso que é peso
brisa não toca
brisa não sente
vou chamar um amanhecer
ele sim há de fazer
há de tirar e renovar
purificar todo esse choro
limpar o sal do rancor
sal feio
sal bobo
sal purificador
estou aqui parado
olhando sua foto
chorando o que não posso
querendo o que não compreendo
amando o que não entendo
tirando toda a brisa
que acalenta meu coração
brisa é triste
brisa chama sal
e de sal
meu olhos entendem bem