Acho que o medo de perder o companheiro é uma coisa comum nos relacionamentos, né. Eu tenho medo de te perder. Na verdade, é o maior medo que possuo atualmente. Não porque estou na iminência de, mas porque você é a coisa mais importante que tenho. Eu poderia completar com um "no momento", mas não, isso não é momentâneo. Entretanto, acho que você não pensa bem assim, não é? Quer dizer, você não acredita tanto assim em coisas eternas, apesar de ser tão religioso e acreditar em vida eterna. As fantasias humanas são sem sentido e, acreditar em um amor eterno, para mim, é uma prova de quase incondicionalidade desse sentimento. Mesmo que não o seja. Entende? É como se, para você, aquilo seja uma situação eterna, um pedaço de ti. Mas, racionalmente, não o é. Eu me empalideço quando, por mais engraçado ou insignificante que pareça, você exibe a parte racional da coisa. Apesar dessa minha carapaça que teima em dizer que adora ver a carne crua, nua, sem pele, cortada na hora, ainda sangrando, por dentro, vomito ao ver um mínimo fio de sangue. É assim com a verdade, a racionalidade. Eu tremo todo com o simples sibilar da frase "nem os grandes amores duram para sempre." e suas variações. Não é como se durasse, mas, hoje, duraria. E continuaria durando em um "para sempre" irracional dentro do período racional. Pode ser minha parte emocional, incontrolável como sempre, falando mais alto. Eu me pego sorrindo para o nada lembrando das doces palavras de amor, das juras, inéditas nesta altura do campeonato, com um choro engasgado, uma espécie de incredulidade que me arranca a sanidade. Acho que é felicidade, acho que é amor, acho que é você. Mas isso aumenta meu medo. Se acontecer de novo, talvez dessa vez não seja tão difícil como foi naqueles seis meses. Talvez seja impossível. Talvez eu devesse desistir de tudo, entende? Nada fará o mínimo sentido se o "para sempre" se quebrar; se a incerteza certa provar sua essência diante dos meus olhos. É por isso que tenho tanto medo. Perdendo você, eu me perco. Se você deixar de existir em minha vida, eu deixo de existir no mundo. Vou ser uma alma vazia vagando eternamente, procurando por você, provavelmente nos locais errados para evitar que sua vida se torne como a minha, propositalmente; imaginando se, algum dia, numa tarde de sábado, sentado em uma praça florida, em um dia bem nublado, sozinho, nulo, zero, você chegasse silenciosamente, sentasse do meu lado, encostasse sua cabeça no meu ombro e o tempo congelasse. Pra sempre.