Sabendo do amor foi lá e amou. Sabendo da paixão foi lá e se apaixonou. Porque humilha quem tanto lhe quer. Porque faz de sua visão de mundo uma bagunça de explicações infundadas. Porque mesmo diante do desespero daquele que se diz "pra vida inteira" é indiferente. Sabendo o que é respeito foi lá e respeitou. Não com todas, mas à sua maneira peculiar. Se vê espelhado e diferenciado entre milhões de iguais. Como se espelhar fosse uma maneira de ser conceitualmente diferente e de negar o próprio âmago doentio. Sabendo o que era força foi lá e usou-a na garganta. Gritou para o mundo e o submundo seu amor distorcido. Face a face com o desespero da paixão, continuou com a força de seu caráter, berrou para anjos e santos a verdadeira concepção do inconcebível. Ao som da música serena de Deus, ignorou o racional e quase perdeu seu sentimental. Um morto a tremular em uma noite onde castelos inteiros foram destruídos com uma expressão e reinos foram massacrados pelo desdém público do amor dito verdadeiro. O mundo completamente contorcido da mente amante inescrupulosa. Do outro lado a dúvida sobre o pior momento da vida. Seria aquilo uma pequena prova da bondade de seu príncipe encantado? Transformaria-se tal intensidade em um fato corriqueiro numa vida a dois? O rio nasceu e escorreu pelas maçãs já coradas naquela altura. Não foi possível segurar o sangue da ferida recém aberta. Não és tão forte como pensavas, isso não é novidade. Precisaria de um hospital, clínicos, doutores, mas se contenta em cuidar da catástrofe com seus próprios curativos, talvez inúteis. Será curado pela fé. Fé no amor.
A humilhação do amor é a travessia do orgulho pro outro mundo. Mas o orgulho costuma ser uma parte viva e operante do organismo e, sem ele, fica um vazio pra se preencher, se curar.
Não se humilha quem se ama.