Acreditar em mudanças é que nem acreditar em Papai Noel: tem sempre uma data pra chegar, promete sempre trazer vários presentes e coisas boas, mas nunca vem. Porque não existe. E isso nem é algo ruim. Ruim mesmo é o tempo que se leva pra entender. Ou pra tentar entender e nunca conseguir.
Hoje, por exemplo, eu mudei uma coisa em mim: comecei a fingir que mudei. E não diga que não é uma tentativa válida! Às vezes, fingi-se tanto e com tanta naturalidade que, um dia, do nada, algo realmente parece mudar, por força dos hábitos.
Do fundo do poço dá pra ver as moedas mais de perto, aquelas que todo mundo costuma jogar pedindo mudanças, nem que seja mentalmente. Aí, você se toca que se jogou lá, não pra se livrar de si mesmo, mas apostando tudo por uma mudança. É tanta moeda, é tanto pedido, mas você foi mais longe, jogou seu corpo, seu eu, foi com tudo, de cabeça.
Descobri que as moedas não se movem e que ninguém as recolhe. Eu me movo, mas ninguém vai me recolher. Vou pegar essas moedas todas pra mim e sair daqui, rápido. Desculpem-me aqueles que esperam por milagres, eu também espero, mas Papai Noel não vem. Tô pegando minhas esperanças de volta e dividindo entre as coisas certas (ou aparentemente certas).