Cada gotinha de orvalho
que aquela plantinha singela
conseguiu segurar após a chuva
pra nutrir sua mazela
escorreu.
Escorreu
e caiu na terra,
no meio daquela guerra
a plantinha cresceu
floresceu
ficou forte
mesmo que aquilo
fosse contra sua sorte.
Florescida e crescida
suas flores reluziam
brilhavam e encantavam
muitas flores
flores demais.
As flores
tornaram-se indesejadas
não totalmente
não pacificamente
foram cortadas
não todas
mas muitas
sempre que o sufoco
fazia o seu trabalho
era necessário
aquele entalho.
Até que na claridade
de uma tarde
a proeza
feita com certeza
extinguiu as flores
e sem elas
começaram as dores.
A árvore sofria
enquanto o povo ria
a árvore minguava
enquanto o povo suava
a árvore chorava
enquanto ninguém
a regava.
Seca e sem flores
que à natureza
foram oferecidas
e pela natureza
foram extinguidas
a árvore sucumbiu.
De toda a sua
vitalidade e humildade
apenas um galho
totalmente intacto
sobrou de lembrança.
O que manteria
aquele pequeno galho
tão conservado
tão vívido?
O galho, afinal
era um presente
da falecida árvore
deixado a quem
as flores cortou.
Ora, pois
que árvore boba
deixar de presente
o que era indesejado!
Ninguém via, porém
que aquele galho
teria algo especial
a mais bela das flores
a única forma de gratidão
que a árvore poderia
com toda a sua limitação
deixar de lembrança.
Mas como poderia
alguém notar
esse presente simples
e tão poderoso?
A pergunta de quem
deveria ser de alguém.
O galho também
se foi para o além.